A vez da poupança

13/06/2017 às 14:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:04

Aroldo Rodrigues*

Ela está de volta. Durante um bom tempo desaconselhamos o investimento em poupança, até escrevi uma coluna com o título “Poupança não é investimento” em 5 de novembro de 2016. Atualmente a aplicação queridinha dos brasileiros ressurge como viável. Mas o que fez com que a caderneta de poupança passasse de vilã para mocinha?

O cálculo do rendimento em si não foi alterado, é a mesma regra desde 2012. Se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano (que é nosso caso atualmente), a rentabilidade é composta pela Taxa Referencial (TR) mais 0,5% ao mês. Já no caso da Selic ficar igual ou abaixo de 8,5% ao ano a caderneta de poupança irá render 70% da Selic mais a TR.

A volta da viabilidade da poupança pode ser explicada principalmente pela queda da inflação e pela não incidência de taxas e impostos. 

Um investimento é tido como atrativo não só pela sua taxa de retorno, e, sim, pelo seu ganho real, que é quanto a aplicação rende, menos a inflação. Por conta do baixo desempenho econômico, fruto da crise que vivemos, a inflação está em queda livre. No acumulado dos últimos 12 meses o IPCA (que é o índice oficial da inflação) atingiu 3,60% em 2015 e o mesmo índice chegou a 10,67%. Uma taxa de inflação menor proporciona ganhos reais maiores. 

A inflação recorde de 2015 fez com que a poupança rendesse -2,28%, isso quer dizer que o investidor perdia dinheiro nessa aplicação. Com as taxas atuais, a poupança apresenta um rendimento real de 4,37% ao ano. Existem outras aplicações de renda fixa que rendem a taxas bem melhores. Mas o que torna a poupança competitiva é que sobre ela não incidem Impostos nem taxas de administração. 

Ao aplicar no tesouro direto, por exemplo, o investidor terá que pagar Imposto de Renda, taxa de administração e se a aplicação for de curto prazo ainda incide IOF. Todas essas taxas comprometem a rentabilidade desses investimentos, tornando seu ganho real menor do que o da poupança. 

O bom rendimento já reflete no volume de aplicações. Depois de vários meses no vermelho os depósitos voltaram a superar os saques, com saldo de 292 milhões de reais. O resgate de contas inativas do FGTS também influenciou este resultado positivo.

(*) Economista pós-graduado em consultoria empresarial, consultor de empresas e professor universitário.

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