A vida é uma obra em permanente construção

03/11/2021 às 18:51.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:10

Mauro Condé*

“Velho é aquele que sabe tudo o que não pode; jovem é aquele que pode tudo o que não sabe” – Saramago.

Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes desenhos animados.

Eles me levaram para Tóquio-Japão, onde fui recebido por Kunio Katō, a quem fui logo pedindo:

Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.

- Procure dar bom uso a tudo na sua vida, pois cada segundo conta e chegará um dia em que a sua memória tentará revivê-los intensamente como forma de mantê-lo vivo.

Kunio é o criador de um lindo desenho animado premiadíssimo, ganhador do Oscar de melhor curta de animação em 2009, com o nome de “A casa de pequenos cubinhos”.

É uma obra de arte, produzida com tal maestria que, além de dispensar a necessidade do uso de palavras, soa como uma poesia que nos faz refletir sobre o ciclo da vida.

Narra a história de um velhinho solitário que vive numa comunidade que é constantemente alagada pela invasão das águas do mar.

Para se defender das inundações frequentes, ele cria o hábito de se proteger construindo novos cômodos superiores feitos por blocos de tijolos empilhados, que aumentam de altura, sempre que a água teima em subir alguns centímetros a mais.

Para circular pelo penúltimo andar, o que fica acima do nível da água, ele faz uso de um barco.

E é de cima desse barco, que ele deixa cair seu cachimbo de estimação (único e verdadeiro amigo no meio daquele mar de solidão).

Angustiado, recorre a uma roupa de mergulho e desce às profundezas de sua casa alagada, em busca do objeto que simboliza uma imensidão de amigos.

À medida em que mergulha em busca do cachimbo perdido, ele recria mentalmente cenas do seu próprio passado, ativadas pela lembrança provocada pelos velhos móveis e objetos abandonados entre os cômodos submersos.

Memórias ricas de um passado intenso, que nos fazem suspirar enquanto percebemos a emoção do velhinho solitário no meio de tantas lembranças de fatos ainda vivos em sua mente.

Se você tiver oportunidade, sugiro que tente ver este curto desenho disponível no Youtube, pois ele no fundo representa, em tom de metáfora, a vida que construímos dia a dia, tijolo a tijolo.

O filósofo Noberto Bobbio dizia que a vida é uma obra em permanente construção, cujo acabamento se dá pelo mergulho em nossas memórias mais profundas.

Inspirado pela cena final do desenho, eu proponho um brinde à vida!

*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por