Aristóteles Drummond *
Um dos políticos mais controvertidos do Brasil durante mais de três décadas foi o governador de São Paulo por três vezes Adhemar de Barros. Este personagem carismático, fundador do populismo, duas vezes candidato a presidente da República, foi efetivamente um homem à frente de seu tempo.
Filho de tradicional família paulista, veio estudar medicina no Rio de Janeiro – era o único ou um dos pouquíssimos estudantes a possuir um automóvel no início da década de 1920. Formado, foi estudar na Alemanha e estagiar na França. Mas o destino o levou à política, primeiro na Revolução de 32, em São Paulo, depois na Assembleia estadual, para ser nomeado, com menos de 40 anos, por Getulio Vargas, interventor em São Paulo. Depois, foi eleito duas vezes governador e uma prefeito da capital.
Revelou-se o primeiro gestor moderno, audacioso, ao realizar obras inéditas no país como as autoestradas Via Anchieta, Via Anhanguera e Castelo Branco, o Hospital das Clínicas e os centros de estudos médicos Adolfo Lutz e Emilio Ribas. Fundou também a VASP. Como empresário, foi desde o famoso Chocolate Lacta, a fundador de O Dia e A NOTÍCIA, no Rio, a rádio Guanabara, que viria a ser o embrião da Rede Bandeirantes, assumida por seu genro João Saad.
O curioso na biografia do paulista é que foi na então capital da República, o Rio, que teve forte prestígio. Tanto que os candidatos de seu partido usavam como legenda na propaganda o sugestivo “Com Adhemar” – o que não existia nem em São Paulo.
Numa época em que os meios de comunicação atingindo parcela muito menor do que hoje da população, elegeu seu suplente, Mozart Lago, constituinte de 1934, defensor do voto feminino consagrado naquela carta. No antigo Estado do Rio, elegeu governador Miguel Couto Filho.
Para os mais jovens, cabe lembrar que, na eleição presidencial de 1955, foi o mais votado no Rio, seguido pelo Marechal Juarez Távora e, em terceiro, JK, que veio a ser o eleito nacionalmente.
(*) Jornalista