Aprendendo a aprender

19/11/2018 às 20:12.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:54

 Renato Zupo* Como narro em meu mais recente livro, “Inteligência Prática”, dentre os degraus da caminhada para a aprendizagem mais frutífera e menos sofrida, há inúmeros truques e táticas. Estratégias todo estudante deve aprender para se dar bem em concursos e provas. Mas não é só. Na vida, no dia a dia, também é muito importante manter o foco naquilo que realmente importa, elegendo prioridades, aperfeiçoando dotes que podem fazer a diferença na obtenção do resultado focado, seja ele um bom emprego, o sucesso da empresa ou a modificação de hábitos de vida.  Pra começo de conversa, tenha em mente que a leitura é indispensável. Se não é um hábito que você tenha, adquira-o rapidamente. Não estou falando de estudo ainda, hein? O ponto aqui é ler por prazer, ou aprender a gostar de ler. Todo dia um pouquinho, comece meia hora por dia. Eleja um horário tranquilo, livre de barulhos e confusão, de preferência na sua casa e em um canto em que não vá ser amolado facilmente. Na hora de ler, não dê atenção a celulares, mensagens, internet.Por falar em internet, para ler prefira livros e revistas impressos. A grande rede mundial de computadores é muito boa, sim, para notícias rápidas e para consultas a tradutores e dicionários on line. Para submergir no assunto, para se aferrar às filigranas da narrativa, ainda não existe alternativa ao bom e velho texto impresso, tanto que o e-book permanece distante de se tornar uma preferência mundial. Não importa a temática do livro. Pode ser até história em quadrinhos. Uma coisa que você desde logo deve aprender é que não há cultura inútil. Tudo é importante para amealhar conhecimento, ainda que o tema pareça mera banalidade. O lazer e a distração também ensinam, tanto que é melhor – para você que ainda não criou o hábito de ler – iniciar com uma temática que lhe seja familiar e prazerosa. Escolha o que for de sua preferência, desde histórias de detetives e fantasmas até livros técnicos, mas vá em frente e não desista. Em pouco tempo, paulatinamente, fica claro que o tempo dedicado à leitura vai aumentando espontaneamente sem que se perceba e, principalmente, sem sofrimento. Não há milagres aqui. Sem esforço, você não vai a lugar algum. Só que o esforço pode ser dosado, pode ser utilizado com método, focando o resultado prático final, entendeu? Não é necessário ser gênio, um sabe tudo, para o sucesso profissional e acadêmico.  Há boas práticas que exercitam o raciocínio. Saliento dentre inúmeras a prática de exercícios físicos, a leitura de filosofia e o jogo de Xadrez. Os antigos gregos já falavam: mens sana in corpore sano. Mente sã em corpo são. Se você quer sua cabeça sempre legal, seu raciocínio pronto, se pretende estar sempre disposto a novos desafios e preparado para os percalços da vida, profissionais e pessoais, deve ter em mente que é imprescindível aprimorar o preparo físico.Calma. Não estou sugerindo que seja um superatleta ou que ganhe competições e medalhas. Praticar esportes é útil e necessário, mas também deve ser um prazer. Se estiver te estressando, há algo errado na modalidade, ou intensidade, que você pratica.  Essencial é suar e cansar o corpo, predispondo-o para o dia de trabalho ou estudos. Por isso, dê preferência a exercícios matutinos. Se não puder correr, caminhe ou nade. Matricule-se em uma academia, não para virar fisiculturista, mas para se sentir bem consigo mesmo e com o espelho. Tudo isso ajuda muito a aprimorar nossa autoestima e nos prepara para um sentimento de realização diário, corriqueiro, muito importante para que nos valorizemos. E, quando isso acontece, transmitimos confiança e afabilidade a todos ao nosso redor. Mas não pare aí. Preocupe-se igualmente com a mente. O estudo da filosofia vai aprimorar seu conhecimento crítico do mundo, porque ensina que nem tudo é o que aparenta ser. Vai lhe fornecer conhecimentos essenciais sobre a origem das ideias e dos pensadores e familiarizá-lo com conceitos intrincados e que se tornarão comuns em sua carreira acadêmica ou profissional como, por exemplo, metafísica, ontológico, ética, etc... A filosofia estimula a amealhar conhecimentos e exercita o cérebro. Te torna afiado em discussões e debates, mesmo em conversas com amigos: nenhum papo será tão chato que não possa ser dissecado à luz do conhecimento humano. Do conhecimento filosófico. Você, com a filosofia, está no mínimo aprimorando o seu discurso, o seu vocabulário, e as técnicas que utilizará por toda a vida para transmitir esse conhecimento a outras pessoas. Por fim, o Xadrez. Exito sempre em chama-lo de “jogo”, muito embora o seja. Mas também é arte e é ciência. Milenar, o Xadrez faz uso da matemática (muito importante ao  conhecimento humano) para engendrar uma alegoria de mundo sobre o tabuleiro. Através do Xadrez, aprendemos a dar passos utilíssimos em nossas vidas. É um jogo em que é imprescindível calcular os riscos das jogadas, contar com o erro do adversário, prever sua ação futura, criar variantes de jogadas para o caso do previsto não dar certo. Nele, você aprende a planejar seus movimentos, antever as estratégias do concorrente, planejar um plano “B”, uma variante, para o caso do previsto não dar certo. É como na vida! Há ouras estratégias que priorizam a aprendizagem e o êxito em provas, concursos, exames, na vida em geral. Mas tudo é prática, o conhecimento empírico é o melhor, porque é caindo que se aprende a andar. Com hábitos saudáveis e práticas positivas, o estudante ganha tempo para a vida sem perder o foco dos objetivos e metas focados. Se fosse resumir o sentido de nossa breve vida, diria que consiste em aproveitar, alcançar objetivos o mais brevemente possível e com o esforço apenas suficiente para angariar os resultados visados. Porque a vida é isso: breve, curta, e seus bons momentos devem ser saboreados continuamente, sempre que possível. Então o segredo é ganhar tempo, para a profissão, a família, os amigos.     *Magistrado, escritor, palestrante, professor, articulista, blogueiro e idealizador da startup Palavra Pronta. Multididata e multitarefa, é colunista de diversos periódicos virtuais e impressos do país, com textos publicados em O Estado de S.Paulo, dentre outros de ampla circulação. Ensaísta e jurista de renome, já publicou três obras de ficção: “Rio da Lua”, “Verdugo” e "Monstruário  - o Bestinário da Maldade”. “Inteligência Prática” é o seu quarto livro, esta vez ingressando no universo da não ficção com um material de apoio para mostrar o caminho para um brilhante futuro acadêmico e profissional. 

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