Aprovado na OAB depois de 21 anos

03/07/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:08

José Roberto Lima*

No final deste semestre, milhares de bacharéis em Direito estarão se formando. E, para exercerem a profissão de advogado, devem ser aprovados no Exame da OAB, o temor de muitos estudantes.

Em breve, haverá mais um exame e muitos candidatos estão firmes nos estudos em escolas preparatórias. As faculdades também se esforçam por meio de disciplinas como “Prática Forense”.

Eu desejo a você – estudante de Direito – que sua formatura conte com a cereja do bolo que é a aprovação na OAB. Mas, caso ela não venha agora, não desista. Se não passar em nenhum dos exames previstos para este ano, tente os do ano que vem.

Caso necessário, tente mais um ano, ou mais dois, ou mais três. Mas não desista. Existem milhares de histórias sobre pessoas que fizeram o teste do Detran quase uma centena de vezes para conquistar o direito de dirigir automóvel. 

Há casos de pessoas da “melhor idade” que só aprenderam a lidar com os computadores depois de duas gerações, com a ajuda dos netos (crianças – ah, as crianças – dominam como ninguém essas novas tecnologias e são ótimos professores, porque têm a paciência de ensinar).

E o que você me diria de um bacharel em Direito que só foi aprovado no exame da OAB 21 anos depois de formado? Bem, parece que a persistência tem limite, não é? Pois este advogado sou eu. 

Um momento, não se assuste. Eu disse que fui aprovado 21 anos depois, mas eu não disse que fiz uma montanha de exames da OAB em todos esses anos.

Quando eu me formei na UFMG em 1993, estávamos numa fase de transição entre o estágio profissional e o exame que estava sendo implantado pela OAB. Os formandos tinham a opção de fazer um ou outro. 

Comecei a fazer o estágio. Mas, tendo tomado posse no quadro de serventuários da Justiça Federal, eu estava impedido de advogar. Portanto, o diploma de bacharel me bastava.

Assim, quando me aposentei em 2013, não havendo mais a opção de estágio, restou-me prestar o exame. Por outro lado, durante uma década e meia, eu estudei e atuei numa parte bem específica do Direito, seja na minha condição de delegado federal ou de professor de Direito Penal.

Portanto, é óbvio que eu deveria retornar à condição de aluno para relembrar conteúdos antigos e me atualizar sobre muitas normas. Meu histórico profissional e a autoria de um livro sobre técnicas de estudos aumentaram minha responsabilidade.

Medo? Você acha que eu tive medo de ser reprovado. Acha mesmo? Então eu te digo: claro que eu tive medo. Mas não me deixei ser dominado pelo medo. E a aprovação foi uma decorrência natural.

Então, a todos vocês quem farão o próximo exame da OAB, recomendo-lhes que não tentem evitar o medo. Em vez disso, enfrentem-o.
Boa sorte nos estudos.

(*) Advogado, professor da Faculdade Promove, mestre em Educação, delegado federal aposentado e autor de “Como Passei em 15 Concursos”

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