Arte para empoderar

29/11/2018 às 19:44.
Atualizado em 28/10/2021 às 02:28

Altivo Duarte*

Como diria Alain Quemin e Glaucia Villas Boas, o perfil “tipo” do colecionador de arte contemporânea combina com um profissional social e financeiramente valorizado, um nível de educação e bagagem intelectual elevados, assim como um capital social formado, como uma rede desenvolvida de relações. Há algum tempo, as características já eram possuídas por homens, na maioria das vezes. As mulheres tinham dificuldades em atingirem essa posição, porque ficar em casa cuidando dos filhos dificultava o desenvolvimento de redes de relacionamentos pessoais e profissionais.

Não tinham inserção no mercado de trabalho e, até hoje, existe uma diferença salarial entre gêneros, quando atuam nas mesmas funções. Colocaram as mulheres no background do mercado de artes plásticas. 

Hoje, já são mais da metade dos ingressantes em cursos superiores, constituindo também quase a metade da população economicamente ativa. É crescente a quantidade de lares brasileiros chefiados por mulheres e elas são as personagens principais em vários cenários. Os mais importantes cargos, tanto no setor público assim como nas grandes empresas privadas, já foram ou estão ocupados por mulheres.

Toda essa mudança transforma e se reflete também no mercado de arte brasileira. A mulher sai de coadjuvante, para protagonista. Entre artistas, galeristas, curadores, instituições e colecionadores, estão mulheres com papel de relevância.
Entre as obras mais valorizadas do mercado brasileiro, estão trabalhos das artistas Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Adriana Varejão e Beatriz Milhazes, entre outras. Colecionadoras de arte conhecidas do público como Marisa Monte, Mariana Ximenes e a Angela Gutierrez estão construindo coleções importantes. Fernanda Feitosa é fundadora e diretora executiva da SP-Arte, a feira de arte brasileira mais importante e, entre galeristas, é fundamental citar Luisa Strina.

O mercado de arte demonstra, fortemente, o empoderamento feminino com tantas peças, apresentando a visão de mundo delas, suas escolhas, sua sensibilidade e seu poder. O mundo está a mudar e, agora, é também pelas mãos delas.

(*)Sócio-diretor da Periscópio Galeria de Arte Contemporânea

 

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