As escolas pararam no tempo?

20/01/2017 às 22:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:29

Helen Cristina Paes*

Mais do que preparar futuros profissionais para o mercado, a escola é responsável por formar cidadãos críticos e conscientes do seu papel social. Diante disso, é fundamental que as instituições de ensino dialoguem com a realidade histórica e social em que estão inseridas, a fim de superar os desafios impostos diariamente aos processos de ensino e aprendizagem e alcançar uma excelência na gestão pedagógica, administrativa e financeira, exercendo um papel mais estratégico.

 Contudo, na prática, o que se observa é que não houve avanços significativos nas abordagens educacionais nas últimas décadas no Brasil. Hoje, portanto, diretores de escola precisam lidar com essa bola de neve que tomou corpo ao longo dos anos e pensar em formas de superar as barreiras impostas pela educação contemporânea.

A tecnologia acessível na palma da mão, por meio de dispositivos móveis, modificou costumes e hábitos não só de adultos, mas também de crianças e adolescentes, que estão cada vez mais conectados e imediatistas e acabam levando essa avidez pela informação para a sala de aula. Os diretores precisam entender que o aluno de hoje é totalmente diferente do estudante de dez anos atrás e que o modelo de ensino deve, necessariamente, acompanhar essa mudança.

“A escola dos nossos pais não é atraente aos olhos do estudante contemporâneo, que tem acesso a experiências diversas em um mundo rico fora dos muros da instituição”


A configuração verticalizada de aula, com um padrão meramente expositivo, não é mais eficiente. A escola dos nossos pais não é atraente aos olhos do estudante contemporâneo, que tem acesso a experiências diversas em um mundo rico fora dos muros da instituição. Projetos inovadores, interdisciplinaridade, aulas mais dinâmicas e criativas, uso das tecnologias e de plataformas e aplicativos “gamificados” podem ajudar a tornar o educando mais motivado e participativo em sala.

Essa quebra de paradigmas exige um esforço de todos os profissionais da educação, em especial dos diretores, que precisam pensar a frente e enxergar a tecnologia como uma importante ferramenta para atualização das metodologias. Exercer o papel de liderança e dialogar com professores é essencial, já que muitos deles ainda têm receio de que o seu lugar de formador seja ocupado por smartphones e tablets, o que não se justifica, pois a função de mediação que o docente exerce no aprendizado será sempre fundamental. A tecnologia no ensino nunca dever ser pensada como fim, mas como meio.

Vale lembrar aos gestores que saber aplicar as tecnologias corretamente no processo pedagógico – e não apenas investir em novas soluções – é primordial. Isso viabiliza um ensino híbrido, que alterna momentos de estudos em sala e em plataformas virtuais, e a produção de conhecimento de forma horizontal e multidirecional, afinal, cada vez mais, o aluno quer (e precisa) ter voz. A tomada de decisões diárias na escola por parte diretor é, em essência, um ato político e estratégico, pois exige o posicionamento dos diferentes atores envolvidos na construção de uma educação mais inovadora e em consonância com seu tempo. 

(*) Diretora do Colégio Unimaster – Grupo SEB

 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por