As pessoas, as cidades e o mundo, juntos pela nova agenda urbana

14/11/2016 às 15:08.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:39

Vladimir de Faria Azevedo*

As grandes navegações, as guerras européias a partir do século XV, a intolerância religiosa, o surgimento dos Estados-Nação e dos burgos, contribuíram para a fundação das cidades, pontos fundamentais de concentração de pessoas, de troca e difusão de conhecimento, invenções, novas culturas, economia de escala para produção e serviços. O surgimento e crescimento das cidades catalisaram sinergicamente o desenvolvimento pela força da colaboração humana, impulsionando as ondas migratórias e a urbanização, fazendo do mundo, em cada vez maior escala, com a evolução da tecnologia, dos meios de transporte e comunicação, “um grande quintal”, de aglomerados de pessoas num pequeno espaço.

As cidades hoje ocupam cerca de apenas 2% do total das terras do planeta e, por esta proporção, a população do planeta caberia no estado americano do Texas! Representam 70% do PIB, da emissão de gases e dos resíduos gerados, além de consumir 60% da energia global. E pela primeira vez na história da humanidade, a população urbana ultrapassa a população rural e se projeta que em 2050 mais de 80% das pessoas estarão vivendo nas cidades!

Em recente encontro internacional, líderes locais se reuniram para discutir o papel das cidades no desafiador século XXI. Em outubro, em Bogotá (Colômbia), o comitê de Cidades e Governos Locais Unidos – CGLU promoveu a 5ª Cúpula Mundial de Líderes Locais e Regionais, com o tema “Vozes locais para um mundo melhor”. Na “avenida dos vulcões”, centro geográfico do mundo, primeira cidade patrimônio histórico da humanidade pela UNESCO, na bela Quito (Equador), tivemos o X Fórum Ibero-americano de Governos locais. E coroando este protagonismo da diplomacia subnacional, também na cidade de Quito, as Nações Unidas promoveram a conferencia HABITAT III.

A terceira edição desta agenda principal da ONU (as duas anteriores foram em 1996 e 2006) foi aberta pelo seu Secretário Geral Ban Ki-Moon, para debater o processo de urbanização e o direito à cidade - “Nós decidimos juntos o futuro das cidades”. Contando com a presença dos gestores das principais cidades do mundo, de todos continente representados, os líderes locais foram conclamados a somar numa força tarefa global visando a ocupação com desenvolvimento sustentável, inclusivo e resiliente, alinhando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS. Eis então o chamado para a Nova Agenda Urbana!
A Frente Nacional de Prefeitos - FNP, entidade municipalista brasileira focada nas cidades médias e metrópoles, onde se concentram mais de 60% de nossa população e representam 75% de nosso PIB, se fez presente e está conectada e comprometida com esta agenda. 

Com a edição do IV Encontro de Municípios com o Desenvolvimento Sustentável - EMDES, na última semana de abril do próximo ano, a FNP promoverá no Estádio Mané Garrinha, em Brasília, uma das maiores agendas da América Latina conectando-se à agenda internacional. O objetivo é engajar, alinhar e debater com a nova geração de gestores locais, como reinventar o financiamento e a governança das cidades nesta etapa desafiadora da história ambiental, urbana, política e econômica, em especial, na concentrada e complexa burocracia da Federação Brasileira.

(*) Economista, Prefeito de Divinópolis-MG 2009-2016, vice-presidente de Gestão Pública da FNP, membro da coordenação política do IV EMDES presente na agenda Bogotá-Quito. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por