As renovadas mentiras eleitorais

19/10/2018 às 21:14.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:20

Aristoteles Atheniense*

Repetem-se, às vésperas do segundo turno, as mesmas balelas conhecidas nos pleitos anteriores, como se o povo não tivesse memória suficiente que o fizesse resistir aos engodos difundidos pelos candidatos.

Em dezembro de 1989, o candidato Fernando Collor, indagado por um jornalista se mexeria na poupança após ser eleito, foi peremptório ao negar essa alternativa como medida de salvação de uma economia naufragante.

Já no dia seguinte à sua posse, a ministra Zélia Cardoso de Mello anunciou o bloqueio temporário de depósitos em caderneta de poupança que excedessem a 50 mil cruzados novos. O pânico alastrou-se por todo o país, a exemplo do que ocorreu com um major reformado gaúcho, que, colhido pela surpreendente retenção, após matar a mulher e a cunhada, valeu-se do autoextermínio. 

Na campanha eleitoral de 1988, FHC adiantou que não desvalorizaria o Real que o guindara ao Palácio do Planalto. Mas, logo no início de seu segundo mandato, esqueceu-se da promessa feita, concorrendo para o desencanto do comércio e de outros setores da economia que acreditaram na sua palavra.

Em 2002, o advento de Lula contou com o prenúncio de que “se ganharmos a eleição, tenho a certeza de que parte da corrupção irá desaparecer já no primeiro semestre”. 

Os dois mandatos petistas caracterizaram-se pelo esquema de corrupção do sistema político: começou com o mensalão, que assegurou pagamentos periódicos aos parlamentares em troca de benesses que foram aperfeiçoadas com a chegada do petrolão. Este importou em novo grau de subversão do poder e dos princípios éticos que devem nortear a atuação dos governantes. 

Deflagrada a campanha de 2018, o PT adotou como símbolo o refrão “Eleição sem Lula é golpe”, sustentando a necessidade de um vergonhoso privilégio para o seu corifeu. 

Como a história demonstra, não é da índole dos políticos brasileiros honrar as suas pregações partidárias quando eleitos, numa demonstração patente de que vivemos um autêntico estelionato eleitoral de parte de todas as agremiações políticas.

Isto explica os resultados conhecidos em primeiro turno e que representam, em última análise, uma resposta aos que pretendem engabelar o eleitorado através de presságios inconsequentes, que não tem outra finalidade senão a obtenção de um mandato à custa de expedientes vexatórios.


*Advogado e Conselheiro Nato da OAB, diretor do IAB e do IAMG.

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