Até onde irá a recuperação da economia brasileira?

11/08/2016 às 20:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:19
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

Paulo Paiva*

Os indicadores mais recentes sugerem que o fim do poço da economia já foi atingido. Há sinais de leve aumento da produção e do consumo das famílias. 
A decisão do Senado Federal transformando a presidente Dilma em ré, com seu julgamento definitivo previsto ainda para agosto, afasta o risco de retrocesso político, que poderia ser fatal para a saúde da economia, e dá mais alento ao mercado. Emergem duas perguntas sobre a recuperação econômica: quando sua tendência se reverterá para taxas positivas? E para que patamar a economia voltará?

O movimento de recuperação já teve início há um ano, quando as taxas trimestrais de variação do PIB começaram a se desacelerar. Em razão dos eventos políticos, a confiança dos investidores e dos consumidores está voltando e 2017 deverá ser marcado como o ano da reversão na economia.

Contudo, a trajetória do crescimento é incerta. Neste século, considerando queda de 3,2% do PIB neste ano, a taxa anual média de crescimento é de 2,6%, com dois períodos bastante distintos: 1) de 2004 a 2010, com taxa anual média de 4,5% e, 2) de 2011 a 2016, com crescimento muito lento (0,32% ano).

As condições que permitiram a forte expansão até 2010 não mais existem. O mercado internacional mudou e os preços de commodities despencaram. Internamente, a expansão do consumo chegou a seu limite, devido ao endividamento de grande parte das famílias. Ademais, o descontrole das contas públicas eliminou a possibilidade de investimento público e elevou drasticamente a dívida pública gerando desconfiança no mercado. Assim, está fora do horizonte o retorno do crescimento aos níveis de 4,5%. 

Dependendo do tamanho e da consistência do ajuste fiscal e do sucesso na execução de programas de privatizações e concessões abrindo espaço para investimentos privados nos setores de infraestrutura, a recuperação poderá atingir a média anual deste século (2,6%). 

Se Temer entender as limitações de seu governo e liderar a transição para o próximo, eleito em 2018, o caminho da recuperação estará aberto. Querer precipitar a retomada da economia para angariar apoio popular poderá por tudo a perder.

(*) Professor associado da Fundação Dom Cabral. Foi ministro do Trabalho e do Planejamento e Orçamento no governo FHC

 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por