Até quando?

21/07/2017 às 14:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:41

Aristoteles Atheniense*

Quando o gaúcho Oswaldo Aranha, amigo e crítico de Getúlio Vargas, afirmou que “O Brasil é um deserto de homens e de ideias”, houve quem visse nesse conceito uma precipitação, se contávamos com expressivo número de cidadãos honrados militando nas hostes políticas da época.

Esse juízo foi emitido por um homem que, além dos cargos públicos relevantes que ocupou em seu país, exerceu a presidência da ONU, sendo até hoje reverenciado mundialmente como o artífice da criação do estado de Israel.
Se Oswaldo Aranha fosse contemporâneo do Brasil atual, não encontraria palavras suficientes para definir a sua terra, tais os descalabros, contradições, desonras, incoerências, torpezas, que medram na política nacional.

A esta altura, não há mais partidos. Mas, sim, bandos de salteadores, que pululam indecorosamente acobertados por 35 siglas, sem programas, sem propósitos definidos, sem doutrina, sobretudo, sem ideias e sem pejo, concorrendo para o estado de alienação a que chegou o povo brasileiro.

Essa situação de desencanto tornou-se ainda maior a partir da delação de Joesley Batista à Procuradoria-Geral da República. Até então, havia uma estilha de esperança, pelo menos, na recuperação da nossa economia. De lá para cá, a confiança desabou de vez. 

Sobejam apostas quanto ao dia final do governo Temer; quanto à hora em que será decapitado e quem estaria habilitado a subir no patíbulo para deixar cair a lâmina mortal sobre sua cabeça.

Por igual, não há como dar-lhe um sucessor em condições de, pelo menos, levar o Brasil até as eleições de 2018. É indecoroso o comprometimento existente, inclusive na chamada “base aliada”, onde paira a suspeição, a covardia, pois, os interesses individuais prevalecem sobre as reformas que não podem tardar.

Na azáfama que se alastrou por toda Federação, permanecem soltos, imunes a qualquer constrição, parlamentares que respondem a dezenas de investigações junto ao STF, sem que o Procurador-Geral da República externe a disposição em levá-los a juízo.

O remédio legal, ao contrário do que foi anunciado, não estará na flecha a ser disparada desde que haja bambu... A solução será encontrada somente dentro da Constituição e dos princípios que inspiraram a sua elaboração. Não há espaço na Lei Maior para invencionices, como as eleições diretas, que têm como corifeu o falastrão de Garanhuns, que se gaba de ser o único capaz de “incendiar” o Brasil ­ e não de salvá-lo - já à beira do precipício.

(*) Advogado e conselheiro nato da OAB, diretor do IAB e do Iamg

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