Avanço dos cânceres ginecológicos

16/10/2017 às 06:00.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:11

Eduardo Batista Cândido (*)

A cada ano, mais de 530 mil novos casos de câncer de colo do útero ocorrem no mundo, sendo seis mil deles entre brasileiras, como o quarto mais comum e o primeiro ginecológico com a maior incidência no Brasil, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). 

A faixa etária mais atingida está entre 40 e 50 anos mas, a partir do início da vida sexualmente ativa, elas já podem desenvolver a doença. Quando descoberto em estágios iniciais, a taxa de cura chega a 95%; se diagnosticado tardiamente, fica entre 50% e 70%. A oncologia ginecológica avança em tratamentos menos invasivos e diagnósticos precoces.

O HPV é responsável por 90% dos casos de câncer no colo do útero, vírus transmitido sexualmente. O Ministério da Saúde ampliou o público-alvo e oferta a vacina contra o HPV para meninos de 11 a 15 anos e meninas de 9 a 15 anos. Geralmente, o diagnóstico do câncer no colo de útero é feito pelo Papanicolau, durante exame ginecológico. A vacinação e o exame preventivo se completam na prevenção contra o câncer. 

O Papanicolau deve ser feito uma vez por ano por mulheres a partir de 21 anos ou com vida sexual ativa. A imunização precisa ser feita e cabe ao profissional de saúde lembrar os benefícios, combatendo os mitos como o fato de ser um estímulo à vida sexual precoce.

Apesar de não ser o mais comum, o câncer de ovário é o mais grave dos tumores ginecológicos. A probabilidade de uma mulher desenvolver esse tumor, durante a vida, é de uma em 71, acometendo, predominantemente, mulheres acima de 50 a 60 anos.

A evolução também chegou aos medicamentos. Dois novos produtos foram desenvolvidos para um tratamento mais eficaz, inibindo uma proteína que mantém a integridade do tumor e que, quando bloqueada, leva à morte das células tumorais. As duas opções ainda estão em fase de testes e surgem como promissoras por apresentarem elevadas taxas de resposta, poucos efeitos colaterais e apresentarem uma ação contra o tumor diferente das quimioterapias tradicionais.

Outro medicamento já disponível é um anticorpo bloqueador da formação de vasos sanguíneos tumorais, impedindo nutrientes e oxigênio de chegarem ao tumor. Os estudos revelaram que essa nova droga, quando combinada com quimioterapia, retardou o agravamento da doença.

Os cânceres ginecológicos podem ser tratados com cirurgia minimamente invasiva. Os procedimentos por laparoscopia e robótica permitem que, em um dia depois da cirurgia, a paciente já consiga caminhar sem dificuldade e, depois de 15 a 30 dias, já possa praticar atividades físicas. Na cirurgia tradicional, a paciente demora quase dois meses para se recuperar totalmente.

(*) Diretor de Comunicação da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig)

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por