BH 2017: o que esperar?

23/04/2016 às 19:35.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:05

José Osvaldo Lasmar (*)

Acompanhamos pela imprensa as marchas e contra marchas do processo de definição de candidatos a prefeito da capital. Num dia Marcio e Aécio se encontram para definir candidato único, noutro dia Marcio apoiará um candidato e Aécio outro.

Pimentel não apoiará um candidato apenas mas vários candidatos de vários partidos, buscando uma fragmentação que provoque um segundo turno. Pimentel não se envolverá, se concentrará nos pequenos e médios centros urbanos, cabendo, em BH, à chamada base aliada do governo do Estado definir uma “chapa da base aliada”. Como isto se dará, com que pedaço da base aliada isto se fará, não se sabe.

Essas são as questões político-partidárias centrais que permeiam o ano eleitoral em BH, por enquanto, nas quais, nós, simples cidadãos e eleitores, não temos nem teremos qualquer participação. É assim nosso sistema eleitoral. Líderes partidários , num velho estilo da República Velha, escolhem seus candidatos e nos chamam, num segundo momento, para que opinemos se escolheram mal ou bem.

Neste momento, só nos resta esperar que nos “ofereçam” bons candidatos. Independentemente de nomes, esperemos que se nos apontem homens probos, experientes, capazes de nos liderar na busca de soluções para o enorme estoque de problemas urbanos que se agravam e nos agridem dia a dia. Homens competentes para formar boas equipes de trabalho e recrutar gestores públicos comprometidos com o serviço público, qualificados, capazes de formular e implementar políticas urbanas consistentes .

Que tenham competência e sensibilidade para nos indicar as prioridades de seu governo e que o façam a partir de bons diagnósticos e de leitura correta da cidade que se propõem a governar e da administração que se propõem a suceder.

Não seria muito lhes pedir que essa leitura seja desapaixonada, intelectualmente honesta, que registre problemas e soluções Sim porque passivos serão herdados, mas também conquistas e sucessos, e, certamente, são muitos, uns e outros.

Que não aceitem falácias do tipo “aqui não é possível intervir porque não é competência municipal” como justificativa para não enfrentamento de um sem número de grandes problemas da nossa metrópole. Pelo contrário, que nos mobilizem, para o enfrentamento dos problemas, inclusive, aqueles que sendo os mais graves são agravados pela omissão de outras instâncias de governo.

Ao caos da mobilidade (ou imobilidade?) urbana e metropolitana, velho drama, se contrapõem os grandes avanços da política de educação infantil, um dos marcos da gestão de Marcio Lacerda, que deve ser não apenas reconhecida mas apropriada por todos, independentemente de partidos .

Ao conservadorismo e imobilismo da política ambiental e de gestão de resíduos, e é não por acaso que temos, até hoje, uma superintendência nomeada “limpeza urbana”, se contrapõe os grandes avanços da política municipal de cultura de Belo Horizonte, que, deve se enfatizar, só foi possível porque foi agendada pela atual administração como prioritária.

Da prática usual, à esquerda e à direita, de uma cultura politica de gestão urbana de gabinetes, se conquistou, e há que se aprofundar, uma nova cultura administrativa que, longe de ser populista, ainda bem, nunca abandonou o debate e, muitas vezes até mesmo o confronto, de interesses e posições divergentes.

Ao novo prefeito e sua equipe, 2017 reserva um cardápio complexo de problemas e conquistas cuja identificação, diagnóstico e crítica é passo inicial e decisivo para o sucesso da sua administração. Que ele não nos chegue com discursos vagos, com clichês do tipo “heranças malditas”, promessas insustentáveis. Seja qual for o desfecho desse nosso processo eleitoral marcado pelo cupulismo, que nos permitam escolher alguém à altura da história e do desafio de governar BH.

(*) Pesquisador Fundação João Pinheiro; diretor da ACMinas

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