Boeing e Embraer

27/02/2018 às 15:29.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:36

Aroldo Rodrigues

 A possibilidade de compra da Embraer pela Boeing tem movimentado o setor da aviação. Desde de que foram confirmadas as tratativas muito se especulou sobre a transação, principalmente com relação ao controle acionário da empresa. Até então a Boieng ficará com 51% da empresa, com a possibilidade do governo brasileiro manter a “Golden Share” que lhe dá poder de veto sobre decisões estratégicas.

Tenho acompanhado os comentários a respeito e percebo que essa negociação fere o sentimento nacionalista de muitos. É como se estivéssemos entregando uma joia brasileira aos estrangeiros, mas não é bem assim. A Embraer é uma empresa privada de capital aberto, a maioria das ações pertencem a fundos estrangeiros, ou seja, a Embraer já não é uma empresa brasileira. Outro ponto importante para entendermos essa negociação é a movimentação recente do mercado da aviação comercial.

Airbus e Boeing lutam pela liderança do mercado de fabricantes de aeronaves comerciais. Ambas possuem faturamento concentrado na venda de jatos de médio e longo alcance, segmento que absorve a maior parcela de investimento financeiro e de tecnologia. Já no segmento de aviação regional a

Embraer é o maior player, seguida pela canadense Bombardirer. Com o objetivo de se posicionar mais fortemente na aviação regional e vencer barreiras alfandegárias, a Airbus adquiriu 50,01% do programa CSeries da Bombardier, que desenvolve jatos regionais, criando uma grande potência no mercado aéreo.

A única alternativa da Boeing é replicar o acordo com outro fabricante de jatos regionais, no caso a Embraer. Caso a aquisição não se concretize, é provável que a Boeing adquira empresas concorrentes da Embraer como a chinesa Comac que já possui o desenvolvimento no mercado regional ou a japonesa Mitsubishi que também já lançou modelos regionais.

Entendo que a entrada da Boeing na aviação comercial da Embraer é mais que uma aliança estratégica, é um movimento vital para o futuro da fabricante “brasileira”.

Economista, pós-graduado em Consultoria Empresarial, palestrante e professor universitário

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