Chá além da xícara: símbolo cultural, a bebida movimenta a economia e traz benefícios à saúde

19/05/2021 às 16:19.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:58

Marcelo Correa*

Dentre todas as bebidas do mundo, nenhuma é tão popular - e democrática - quanto o chá. Atrás apenas da água, a mistura de ervas é a segunda mais consumida no planeta e está diretamente associada aos costumes locais. Na Inglaterra, o famoso Chá das Cinco nasceu com a Duquesa de Bedford, em 1840. Naquela época a população estava acostumada a comer apenas duas refeições por dia. Para combater a fome no meio da tarde a nobre criou uma pequena refeição acompanhada de chá. No Japão, a tradição secular da Cerimônia do Chá surgiu com os monges budistas como um caminho para a meditação. No Brasil, o chimarrão reforça a cultura gaúcha enquanto o mate gelado na praia se transformou em patrimônio cultural no Rio de Janeiro.

Mas não é apenas como elemento cultural que a bebida se destaca. Em 21 de maio é comemorado o Dia Internacional do Chá. Oficializada pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), a data é um convite para refletir sobre os benefícios à saúde e sua importância econômica.

A bebida está reduzindo notavelmente a pobreza, erradicando a fome, criando empregos, gerando renda e melhorando os meios de subsistência das comunidades envolvidas em atividades de produção. Só para se ter uma ideia, de acordo com dados do relatório Global Market Report: Tea, da International Institute for Sustainable Development, o chá é fonte de renda de mais de 9 milhões de pequenos agricultores nos quatro principais países produtores (China, Índia, Quênia e Sri Lanka). Fora isso, seu cultivo fornece emprego e renda a milhões de pequenos produtores, que são responsáveis por 60% da produção mundial de chá.

Ainda de acordo com o relatório Global Market Report: Tea, em um âmbito mais amplo, estima-se que 3 bilhões de xícaras do produto por dia, sendo que sua produção global, em 2017, superou a marca dos US$8 bilhões.

No Brasil, um dos principais polos de produção é o Estado do Paraná. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2018, o estado concentrou 87% de toda a produção de erva-mate do País. Fora isso, a região é responsável por cerca de 90% da produção nacional de plantas medicinais. São mais de 80 espécies cultivadas em diversas regiões do estado, com destaque para a camomila, hortelã e melissa.

Se o cenário já era positivo para o setor, a expectativa é que melhore ainda mais visto que a produção e o consumo tendem a aumentar nos próximos anos. Segundo um estudo preparado pela FAO, a produção gerará novas oportunidades de renda em áreas rurais graças à diversificação dos produtos. Além disso, a conscientização das pessoas sobre os benefícios anti-inflamatórios e antioxidantes dos chás tendem a impulsionar as vendas.

Para se ter uma ideia, o relatório afirma que a produção mundial de chá preto deverá aumentar 2,2% por ano durante a próxima década, chegando a 4,4 milhões de toneladas em 2027. Já a produção de chá verde aumentará mais ainda: 7,5% por ano, alcançando 3,6 milhões de toneladas em 2027.

Vale ressaltar que além de benefícios relacionados à produção de antioxidantes, os chás hidratam, aquecem e refrescam. Fora isso, dependendo da erva, os chás possuem propriedade que relaxam, energizam, auxiliam nos processos digestivos e do sono, combatem o mal-estar, entre outros.

Seja pelo apelo cultural na construção da sociedade, pelo impacto na economia global ou por suas propriedades medicinais, o chá merece vida longa!

* Head Commercial and Business Development da Leão Alimentos e Bebidas

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