Cheque especial: como evitar usá-lo sem planejamento

22/06/2021 às 18:05.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:14

Alberto André*

Um dos grandes problemas dos brasileiros é cuidar da educação financeira. Boa parte da população não sabe administrar seu dinheiro e sempre gasta mais do que deveria. Segundo pesquisa da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), 73% dos consumidores entrevistados se consideram endividados e 17% dizem que estão superendividados. Entre os fatores principais apontados como motivo desse endividamento estão a perda ou diminuição de renda e gastos extras causados pela pandemia da Covid-19. De acordo com a pesquisa, 64% dos entrevistados com renda entre cinco e dez salários mínimos estão gastando mais durante a pandemia. Como resultado, as pessoas começaram a ter contas em atraso. Ainda segundo o estudo, pelo menos 43% dos entrevistados deixaram de pagar alguma conta no último ano.

Com tantas contas a pagar, uma das alternativas muito usadas pelas pessoas é o cheque especial, um crédito disponível na conta corrente para utilização em situações emergenciais. Mas o que muitos brasileiros não sabem é o valor dos juros que essa modalidade oferece. Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 51% dos brasileiros que possuem cheque especial não sabem o valor dos juros cobrados. Fica claro que a maioria das pessoas já utilizaram o cheque especial pelo menos uma vez na vida e ele é na verdade a razão da inadimplência de grande parte da população. Segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o cheque especial é responsável por 52% dos mais de 52 milhões de brasileiros na lista de inadimplência.

Pensando nisso, preparei algumas dicas que podem ajudar a ficar longe desse recurso, entender melhor como usar o seu dinheiro e a administrar e controlar melhor suas despesas:

O primeiro passo para sair do cheque especial é avaliar suas finanças. Veja as contas fixas, as que são variáveis, os juros que está pagando e se há contas parceladas. Dessa forma, você consegue estimar e ter um panorama geral da sua situação financeira para saber a melhor forma de realizar os pagamentos.

Feito isso, você consegue identificar o que gasta e partir para a negociação. Sabendo o valor total da dívida e os juros, é possível estudar a melhor forma para quitar esses débitos. Avalie as soluções oferecidas pelo banco e até mesmo sugira propostas interessantes. Caso sua dívida seja alta ou não consiga quitá-la de uma só vez, vale a pena parcelar, mas claro, sempre negociando os valores dos juros e estando atento a quantidade de parcelas definidas.

Após fazer esses processos, você irá chegar na etapa para quitação de dívidas. Para isso, é necessário tomar a decisão de diminuir os gastos do cheque especial, reduzindo seu limite. Assim, as chances de gastar mais do que pode e acabar utilizando o crédito da conta corrente serão muito menores. E tenha sempre em mente que ultrapassar esse limite pode gerar juros bastante altos.

Por fim, é essencial que diminua custos extras e desnecessários. Lembre-se de gastar o quanto você ganha, corte o que for supérfluo, pense na hora de comprar, pergunte se realmente precisa daquilo, se há alternativas mais baratas e foque no objetivo de equilibrar suas despesas. Caso precise de mais dinheiro, pesquise empréstimos, juros do cheque especial e em quanto tempo vai pagar e cobrir esse saldo negativo. Só com planejamento e estudo você conseguirá controlar melhor sua saúde financeira, vai por mim!

* Cofundador e CEO do Plusdin, fintech de indicadores de serviços financeiros

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