Circo Brasil

31/03/2016 às 21:18.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:44

Aquiles Leonardo Diniz (*)

Basta! Não dá mais para convivermos com tão grande irresponsabilidade. A voz presa na garganta que vem do âmago de cada um é gritada agora em alto e bom som, exigindo nas ruas o afastamento imediato e definitivo da presidente da República. É esse o sentimento da maioria da população brasileira. Disso não tenho dúvidas!

Sem comando, transformaram o país inteiro num circo incandescente onde ninguém se entende. Uma nau sem rumo prestes a afundar. As hienas no camarim com seu sorriso traiçoeiro, zombando de todos os presentes. No picadeiro, os animais desgovernados se misturam entre si, atacando uns aos outros numa balbúrdia sem fim. Os elefantes descontrolados pisam em tudo que encontram pela frente, roedores, aves e jararacas. Os leões urram desesperados provocando um terror geral. Os ilusionistas tentam de toda forma convencer a plateia do que não existe. Macacos bugios berram e se divertem no trapézio, defecando nas cabeças pensantes abaixo. O palhaço equilibrista tenta conter a multidão desordenada, enquanto o chefe do circo e seu mascote buscam salvar o que sobrou do dinheiro derramado. Os mágicos de plantão retiram das cartolas soluções mirabolantes que inflamam ainda mais a lona, deixando a plateia boquiaberta.

O Brasil está acéfalo. A corrupção que tomou conta do país invadiu as instituições constituídas, abrindo suas entranhas e expondo seus podres. Empresários e políticos são levados aos tribunais em uma operação de porte jamais vista. Quem roubou tem que pagar criminalmente pelos seus crimes e abusos. Quando se erra é hora de parar e refletir sobre os enganos cometidos. Se permanecer no erro, o governo empurrará milhões de brasileiros ao abismo econômico e social.

“Eu não sabia!”. A frase que até então livrou a cara do presidente e também de muitos outros culpados é o princípio da negação, sustentando mentiras com palavras rebuscadas, refletindo uma verdade abstrata. Detonaram a galinha dos ovos de ouro – Petrobras – e, no salve-se quem puder, a debandada é geral. A ganância, própria do agente público, corrompe a todos. Na ausência de valores morais, ninguém quer abrir mão do naco conquistado e rouba-se cada vez mais. Bastou soprar forte na base para o castelo de areia ruir.

São todos inocentes até que provem o contrário. Haja óleo de peroba para lustrar tantas ilustres caras de pau. A delação premiada expõe das entranhas o regurgito dos condenados num mar de lama. Sufocados no próprio vômito, eles se agarram aos comparsas para juntos afundar no lamaçal movediço. Assim, bilhões são desviados no submundo dos crimes de lesa-pátria.

O país está atordoado e o relógio gira a favor da instabilidade. As chagas abertas nos mostram que dias melhores só virão com a ruptura. A intemperança generalizada ganha força dentro e fora das casernas onde hibernam os militares. A válvula da panela foi retirada. Ou o povo permanece em alerta máximo daqui pra frente ou a tampa explodirá em ebulição, jorrando o sangue de muitos inocentes.

A tragédia está posta à mesa. Por enquanto, a decisão continua nas mãos do Congresso, que se transformou igualmente em palco de espetáculo circense. Como não pode haver exército sem general, também não existe país sem comando e muito menos sem oposição. Mais um passo e o precipício estará logo à frente, sem volta. É preciso alcançar a saída rápida e efetiva para solucionar o imbróglio criado pelo governo. Como havia dito, reafirmo: a solução passa por um pacto no “Congresso Nacional”, o caminho mais curto para o circo não pegar fogo de vez.

Disse o gênio Albert Einstein: “A verdadeira crise é a crise da incompetência. Falar de crise é promovê-la, mas calar-se sobre ela é exaltar o conformismo”.

Não podemos deixar que as incertezas sejam as únicas certezas no Brasil. Tomara que a nova geração não siga os exemplos perversos dos falsos líderes e assumam atos dignos de aplausos e não de vergonha. Que sapatos velhos não sejam apenas trocados por pares novos, enquanto pés viciados continuam conduzindo a lugar nenhum.

(*) Vice-presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi)

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