Como surgem os miomas?

04/09/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:24

Agnaldo Lopes (*)

Os miomas uterinos atingem oito em cada 10 brasileiras em idade reprodutiva, segundo estimativa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. É a quinta causa mais frequente de internação hospitalar por causa ginecológica não relacionada com a gravidez, em mulheres entre 15 e 44 anos. 

Os miomas são tumores benignos que se formam a partir do músculo que reveste a parede do útero, chamado de miométrio. Por serem benignos, não são capazes de se transformar em câncer. Os nódulos podem aparecer em diferentes partes do órgão reprodutor e ainda não se sabe as causas do surgimento deles.

Os tumores se desenvolvem a partir de hormônios, especialmente da ação da progesterona. Fatores como a vascularização da área do útero em que se desenvolve o mioma, mutações genéticas locais e fatores de crescimento também pesam na formação desses tumores. Além disso, a incidência é comprovadamente maior em quantidade e em volume nas mulheres negras com histórico familiar e sem filhos.

A maior parte dos casos, 3 em cada 4, são descobertos durante a consulta com o ginecologista, por meio de exames. Essas ocorrências são assintomáticas e não necessitam de tratamento, mas devem ser acompanhadas ao longo do tempo pelo profissional de saúde. Em 25% dos casos há sintomas como aumento do fluxo menstrual, dor pélvica, infertilidade, aumento do volume abdominal e dor na relação sexual. Os sintomas apresentados variam de acordo com a localização do mioma. 

No caso dos nódulos com posicionamento mais interno, que distorcem a cavidade endometrial, geralmente há a presença de sangramento anormal, diferentes de miomas mais externos ou que não distorcem a cavidade.

Os nódulos mais internos podem causar problemas durante a gravidez, provocar abortamentos de repetição e fazer com que mulheres com a doença não consigam engravidar. Mas ser diagnosticada com miomas não é sinônimo de ter problemas para ter filhos, já que a infertilidade por conta da doença é incomum e só aparece em 5 a 10% dos casos.

O primeiro tratamento é medicamentoso e trata os sintomas. Podem ser administrados anti-inflamatórios não hormonais e anticoncepcionais, por exemplo. Em alguns casos, são indicados os medicamentos análogos do GnRH, que tem ação hipotalâmica. 

Os medicamentos favorecem as condições para a realização de procedimentos cirúrgicos, que variam desde a retirada do mioma até a remoção do útero. Para a definição da cirurgia que a paciente deve se submeter, são levadas em conta a idade e se ela tem ou não filhos.

(*) Professor da UFMG e ginecologista

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