Coração doendo, apertado, chorando...

25/08/2020 às 08:24.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:22

Por Célia Corrêa (*)

A notícia de uma criança de 9 aninhos que cai da janela é um soco bravo no peito. Não há explicações, senão a dura provação num momento em que ninguém está sabendo lidar com as restrições, com o isolamento obrigatório e ao mesmo tempo com a exagerada explosão de jogos, filmes, desenhos, entretenimentos virtuais.

Um turbilhão de incertezas na mente de quem educa e de quem é educado. Não há prescrição e, muito menos, proscrição certas.
Cada caso é um caso. Cada sentimento, único. Cada um com um suporte para as cargas do “pode ou não pode agora”. Pais tentando acertar ou errar menos sob o julgo de quem, também, não sabe o que é certo ou errado.
Ouço dizeres de “as crianças estão encarceradas e precisam de liberdade logo”.

É verdade! Mas se uma delas pegar a Covid e se a situação se agravar ou se outra violência ocorrer, como atropelamento, assalto, fuga, sequestro ou coisas mais, alguns dirão: “Os pais foram negligentes, liberaram, perderam o controle, não souberam reter a criança ou não deram limites”.

Dizem, também: “As crianças estão viciadas em eletrônicos e por esse motivo precisamos liberá-las para os parques, para áreas de lazer, para o convívio com velhos amigos. Precisamos combater esse tipo de dependência”. 

O vício é doença e, se elas estão viciadas, estão doentes. Mas, quando nos damos conta do vício? Como lidamos com ele? Por que deixamos o vício entrar?

Tudo vicia, até beber água, o som ou a falta dele, a companhia ou a solidão....
Tudo que faz falta ou está em excesso prejudica. E qual é a medida do normal? Quem sabe?!

A nossa grande dificuldade está em identificar a subida da curva antes do ponto de transbordo ou o momento adequado da intervenção. 
Infelizmente, enxergamos mais os excessos quando nossos olhares deveriam nortear para os pontos de “formiguinhas”. Mas não fomos treinados para tanto e não temos manual de procedimentos.
As razões para a miopia são múltiplas e indefinidas. 

As intervenções, quase sempre, chegam como tentativas corretivas e raramente preditivas. 

Defender o amor, a responsabilidade, a educação e outros tantos mecanismos é algo extraordinariamente caótico, difícil e inexplicável. 
Como em todo e qualquer tratamento, o remédio nem sempre é eficaz, ainda que doce ou amargo. Não há “pirlimpimpim”. Às vezes há, até mesmo, uma dose de sorte. Felizardo quem acerta! E todos queremos acertar.
Daí a importância de se discutir sempre e amplamente os prós e contras de qualquer elemento viciante; sem medo, mas sem certezas. Sem opinião formada. 

Cada um pode tirar suas conclusões e tentar seus truques, minimizar danos e, quem sabe, conseguir vitórias?
Não sei! Não há como, e nem mesmo há um porquê julgar numa situação de incerteza, numa guerra de saúde pública, numa catástrofe, numa calamidade. Fatalidade não vem com explicações. Vem com abalos.

Só o tempo dirá e ditará o ritmo das batidas do coração.

Há de haver muito amor de/ por Deus para amainar a dor e trazer consolo. Difícil!!!

Que haja luz no seio da educação!

(*) Professora aposentada

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