Dignidade pelo trabalho

30/04/2016 às 17:35.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:13

Maurílio Pedrosa (*)

No dia 1º de maio celebra-se no Brasil e em vários países do mundo o Dia do Trabalho, data marcada historicamente por manifestações, reivindicações, debates e também conquistas em relação a esse importante tema, presente na vida de praticamente todo cidadão.

A proximidade da data nos faz refletir sobre criticidades ligadas ao trabalho no país, que vão desde deficiências na educação, preconceito racial e de gênero até a situação econômica e suas consequências, como a elevada taxa de desemprego. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que mais de 9 milhões de brasileiros se encontravam sem emprego em março de 2016. O reflexo dessa situação se dá tanto na restrição de renda, como nas relações sociais, que se abalam pela insegurança financeira, aumento da ociosidade e da falta de perspectivas de uma atuação profissional.

Ao mesmo tempo, o Dia do Trabalho é uma oportunidade de demonstrar iniciativas exitosas que estão sendo realizadas para enfrentar os desafios e potencializar os efeitos positivos da empregabilidade.

O Minas Pela Paz, instituição da sociedade civil que tem como missão transformar a vida de pessoas socialmente vulneráveis, desenvolve o Programa Regresso, mobilizando parcerias para promover a qualificação e inserção profissional de apenados e egressos do sistema prisional, com o foco nas Apacs – Associações de Proteção e Assistência aos Condenados. As Apacss adotam uma metodologia de cumprimento humanizado da pena, onde disciplina, estudo e trabalho são elementos muito relevantes para a inclusão social dos recuperandos, como são chamados os presos nessas unidades.

Nos últimos sete anos já foram qualificadas 4.212 pessoas através de cursos profissionalizantes, preparação para o mercado de trabalho e para o empreendedorismo ofertados pelo Sesi, Senai, Senac, Tio Flávio Cultural e tantos outros parceiros.

Ao fortalecer suas habilidades técnicas, os recuperandos começam a aplicar os conhecimentos em unidades produtivas existentes dentro das próprias Apacs. São padarias, confecções, marcenarias, serralherias, fábricas de bolas, bicicletas, blocos de construção, dentre tantos outros segmentos que propiciam a prática profissional e geram renda para os recuperandos, suas famílias e para as Apacs.

Além dos cursos de qualificação e do incentivo à criação das unidades produtivas, o Minas Pela Paz mobiliza o poder judiciário e, especialmente, a comunidade empresarial para impulsionar a inserção profissional. O resultado direto dessas articulações são as 1.009 pessoas inseridas no mercado de trabalho a partir da iniciativa.

Pela história de vida e de superação de cada um dos participantes do Programa Regresso conseguimos renovar a esperança no trabalho como gerador de renda, fonte de autoestima e de dignidade. E, desta forma, seguimos acreditando na relevância da educação e do trabalho para a construção de uma sociedade mais justa e melhor para todos nós.

(*) Gestor do Minas Pela Paz

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