Salézio Dagostim*
Há certas coisas na profissão contábil difíceis de ser entendidas. Uma delas é por que o contador não tem o seu valor devidamente reconhecido pela sociedade. Ele é o profissional que estuda o patrimônio monetário das pessoas jurídicas para detectar os problemas e sugerir as soluções; e quem elabora as demonstrações contábeis, dando segurança aos gestores, investidores, governo, e, especialmente, à sociedade, protegendo a fonte de trabalho e renda.
Esta falta de valorização da profissão contábil está diretamente relacionada ao crescente desinteresse dos jovens pelo estudo da Ciência Contábil.
A profissão foi a quarta regulamentada no Brasil. Até 1946, ela gozava de grande reputação junto à sociedade. A partir dessa data, com a criação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a profissão começou a perder o status que detinha e a enfrentar uma série de problemas, a ponto de hoje a sociedade não saber mais para que serve o contador.
Desde então, a entidade vem sendo comandada pelo mesmo grupo, com as mesmas ideias e a mesma agenda política. Em 2005, na tentativa de mudar a forma de gerir o CFC, foi sancionada a Lei 11.160, que determinou que o conselho deve ser constituído por um representante efetivo de cada Conselho Regional. Essa norma até hoje não foi cumprida. Já em 2008, o CFC criou um sistema eleitoral centralizado para monitorar as eleições regionais, a fim de que as oposições não vencessem.
O conselho quer agora que os contadores sejam obrigados a participar de cursos permanentes de educação continuada. E o diploma deixa de ser um direito adquirido dos profissionais...
Para dar um basta nesta situação, os contadores precisam estar unidos. Do contrário, em breve, a categoria deixará de existir como uma profissão de interesse social e passará a ser movida apenas de acordo com os interesses de um grupo cuja intenção é ter controle sobre as demonstrações contábeis para poder manipular a riqueza nacional.
(*) É professor e presidente da Confederação dos Profissionais Contábeis do Brasil