Em defesa dos rios brasileiros

17/10/2017 às 15:15.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:15

Zé Silva*

Em se tratando das condições dos rios brasileiros, para qualquer região que se olhe a situação é simplesmente dramática. Estamos vendo se realizar diariamente o que foi anunciado pelo escritor mineiro Wander Piroli no título de uma de suas obras: os rios morrem de sede. E Minas Gerais, reconhecido como a caixa d’água do Brasil, é um retrato acabado dessa crise que assola nossos rios.

Movidos pela gravidade dessa situação, organizamos e somos presidente na Câmara Federal da Frente Parlamentar em Defesa dos Rios Brasileiros, que hoje conta com mais de 200 parlamentares. Nosso objetivo com a frente é mobilizar autoridades e a sociedade organizada para a promoção de ações de revitalização, conservação e preservação dos nossos rios, envolvendo todos os níveis de governos. 

Há urgência dessas intervenções, em todas as regiões do Brasil, pois todas sofrem com as consequências desse quadro. E as regiões mais secas, pela própria natureza de seus ecossistemas, sofrem ainda mais com a escassez dos recursos hídricos. Como acontece na região do Alto Jequitinhonha, onde todos seus 25 municípios enfrentam a falta de água e a situação crítica de seus rios pelo sexto ano seguido. Segundo gestores do Comitê da Bacia do Rio Jequitinhonha, cerca de 80% dos afluentes do rio estão secos.

E a situação vem não somente da falta de chuva, mas também das condições de tratamento dado aos cursos de água. O rio São Francisco, por exemplo, um patrimônio do povo brasileiro, pode hoje ser visto como o maior exemplo desses perigos de extinção a que estão expostos nossos recursos hídricos. Em Minas, onde está a “produção” de 78% das águas do São Francisco, segundo estudiosos do assunto, estima-se que um percentual de 70% de seus tributários estão secos ou estão secando. 

Quando estivemos na presidência da Emater, realizamos um grande programa de revitalização da bacia do São Francisco, com intervenções como recuperação de matas ciliares, proteção de nascentes e projetos de educação ambiental. Infelizmente, o programa não teve a devida continuidade, e, assim, chegamos à situação crítica de hoje. 

E desse jeito estão nossos rios, expostos a erosões, destruição de matas ciliares, retiradas desenfreadas de água para irrigação, lançamento de esgotos in natura, poluentes químicos, lixos urbanos e demais ações que trouxeram a situação para esse quadro atual. E é nesse contexto, de urgência para superar a situação, que queremos contribuir com os trabalhos da Frente Parlamentar em Defesa dos Rios. 

(*) Agrônomo, extensionista rural, deputado federal pelo Solidariedade/MG 

  

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