Ensino bilíngue

28/01/2017 às 23:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:37

Helen Cristina Paes*

O domínio de outro idioma é uma necessidade curricular para qualquer profissional e é crescente o número de escolas brasileiras investindo em certificações bilíngues para propiciar uma educação mais universalizada. É fundamental capacitar os estudantes, garantindo novas competências com acesso a possibilidades de escolhas.

O domínio do inglês pode garantir um cargo de coordenação com um salário até 61% maior que de quem ocupa a mesma função e só fala português, conforme a 52ª edição da Pesquisa Salarial da Catho. As diferenças também são observadas em ocupações de diretoria (42%), gerência (57%) e supervisão (43%). Contudo, a realidade brasileira é bem diferente, já que ainda o país segue na categoria de “proficiência baixa” em inglês, conforme ranking divulgado pela EF Education First, empresa de educação internacional especializada em intercâmbio. O Brasil ficou com o pior resultado entre os BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Diversas escolas estão indo além do que dispõe a legislação sobre o ensino obrigatório da língua estrangeira, cuja escolha do idioma fica a cargo da instituição. As diretrizes atuais do Ministério da Educação (MEC) obriga que a língua seja inserida na grade curricular a partir do sexto ano do fundamental II. Entretanto, devido a metodologias defasadas (ou mesmo a ausência delas) e à falta de professores qualificados, o conteúdo de grande parte dos colégios brasileiros, sobretudo na rede pública, se resume a revisões do verbo to be, entre outros temas pouco aprofundados. Parte disso se deve à carga horária reduzida, geralmente com uma aula por semana ou, no máximo, duas.

Não se pode responsabilizar somente as escolas, quando as próprias políticas públicas não dão a devida importância para a formação em uma língua estrangeira. Para se ter uma ideia, só a partir de 2010 o Enem passou a avaliar o inglês ou espanhol na prova – ainda que com poucas questões e sem um teste oral. Já os materiais didáticos utilizados pelas instituições só passaram por uma avaliação do MEC nos últimos anos, sendo incluídos no Programa Nacional do Livro Didático (PNDL).

Os programas de ensino bilíngue nas escolas, mais que ensinar o abecedário ou tradução de frases, propõem uma verdadeira imersão no universo do segundo idioma. Utilizar o inglês ou espanhol como base de comunicação em sala de aula é fundamental para uma vivência da língua e gerar conhecimento sobre especificidades linguísticas e, até mesmo, culturais dos países falantes. O contato com a nova língua incrementa a bagagem intelectual do aluno. O programa High School do Colégio Unimaster- Grupo SEB, por exemplo, é norteado por essa prática, uma vez que a partir do 9º ano acontecem as aulas de inglês no período oposto ao do currículo brasileiro e, no fim do ensino Médio, entrega-se o certificado bilíngue, habilitando o estudante a ingressar em universidades brasileiras e norte-americanas, como Princeton, Stanford e Cornell.

Certamente, a limitação do conhecimento de uma língua estrangeira provoca grandes impactos negativos para o futuro profissional, pois depende de maior abertura e conexão com um mundo globalizado. Os desafios são enormes. É preciso investir em programas e políticas governamentais focados, principalmente, para alunos de baixa renda, na capacitação de docentes e na revisão de metodologias, objetivos que serão alcançados somente com um esforço conjunto do poder público com a iniciativa privada.

(*) Diretora do Colégio Unimaster – Grupo SEB

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