Equívocos custarão caro a BH

04/04/2017 às 20:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:00

José Aparecido Ribeiro *

O maior erro que um agente público, seja ele político ou técnico, pode cometer é o erro de interpretação da realidade. Achar que seu pensamento é o certo e pautar suas ações baseado em modelos que ele presume ser o ideal. Um certo conforto ilusório que beira a arrogância, e que em BH é marca do grupo que comanda a BHTrans há 25 anos.

Quando esses modelos são importados, em se tratando de mobilidade urbana, é necessário que o clima, a topografia, os costumes, a história e as referências ideológicas sejam consideradas. O que não pode é pensar que se deu certo em alguma cidade europeia, ou mesmo lá em Bogotá, (no altiplano andino) terá que dar certo aqui também. As razões são óbvias, e de natureza geoclimáticas.

Os modelos de cidades que convém aos gestores públicos, diga-se de passagem, nem sempre são os mais apropriados para a realidade de Belo Horizonte. Se há exemplos a serem seguidos, eles não estão no Velho Continente, mas talvez nos EUA (Miami, San Diego, Detroit, Los Angeles, Woshington).

Decisões desastrosas e equivocadas estão aí nas ciclovias inúteis, nos passeios largos e vazios, no excessivo número de sinais, na falta de sincronia deles que não permite fluidez do tráfego propositadamente, e até na própria escolha do BRT, como principal modal de transporte de massa, ao invés do monotrilho recomendado por unanimidade pela engenharia.

O fato é que o cidadão belo-horizontino assiste passivo o caos tomar conta do trânsito da cidade e não encontra respostas convincentes. Ouvindo o rádio, parado no trânsito, é comum frases como: “Trânsito parado por causa do excesso de veículo aqui e acolá”. “130 km de engarrafamentos”. “Anel parado, com repercussões por toda a cidade”. Mas o correto é: trânsito parado por falta de infra estrutura, sempre nos mesmos lugares. Até porque a tendência é que o número de carros aumente a cada dia, e não o contrário.

Ouço de técnicos da SUDECAP e da BHtrans que não é a cidade que deve ser adaptar aos carros, mas os carros a ela. E sou capaz de apostar que esses mesmos engenheiros seriam contra a construção do túnel da Lagoinha se ele não existisse hoje. São explicitamente contra o desenvolvimento e míopes em relação à realidade que se apresenta ali fora. Sonham com uma cidade sem carros.

(*) Autor do Blog SOS MOBILIDADE URBANA

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