Estadista Negrão de Lima

19/08/2016 às 20:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:27

Aristóteles Drummond*

Todo brasileiro em algum momento ouviu falar em uma obra de Negrão de Lima, que foi prefeito nomeado por JK no tempo do Distrito Federal e depois eleito governador do Estado da Guanabara, depois transformado em município do Rio de Janeiro. Em 1934, foi deputado constituinte por Minas. Vivo, completaria 115 anos esta semana.

Como prefeito, criou a moderna Superintendência de Urbanização e Saneamento (SURSAN) para tocar os grandes projetos da cidade. Construiu o Viaduto de Madureira, que leva seu nome, iniciou o Aterro do Flamengo, cuja paternidade divide com Carlos Lacerda, que o sucedeu, em 1960, e a quem ele sucedeu, em 1965, deu início ao túnel na Barata Ribeiro. Ficou menos de dois anos na Prefeitura, pois foi chamado por JK para ministro das Relações Exteriores e depois embaixador em Portugal.

Em 1965, volta ao Brasil e é eleito governador da Guanabara. Abriu os acessos a Barra da Tijuca, removeu as favelas da orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, alargou a Av. Atlântica, sem o que a cidade hoje seria inviável, e criou o campus da Universidade do Estado, hoje UERJ, entre outras obras notáveis. Político hábil, diplomata de origem, foi ministro de Getulio Vargas.

Contou com maioria na Câmara, composta por nomes respeitados como Levi Neves, Álvaro Vale, Ligia Lessa Bastos, Cotrim Neto, Silbert Sobrinho, Jamil Haddad, Yara Vargas e outros. Um dia, um deputado que insistia em fazer uma indicação inconveniente, na hora de votar projeto de importância para o governo, ligou para o governador e perguntou: “Vou votar daqui a um minuto e queria saber como devo votar”. Negrão, rápido, respondeu: “Como sempre fez deputado, pensando no bem do Estado e do povo”. Por essas e outras, saiu do governo com 86% de aprovação, tendo convivido muito bem com três presidentes militares, apesar de ter sido eleito pela oposição ao regime.

Neste momento de se votar em prefeito e vereadores, é bom lembrar que a decisão de cada um é importante e deve ser responsável. Olhar de onde vem, o que fez e não apenas o uso e abuso do palavreado vazio das promessas que fogem a realidade da cidade e do país.

 

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