Exemplo de Getúlio Vargas

10/09/2018 às 20:16.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:23

Aristóteles Drummond*

Acaba de ser lançado “Volta ao Poder”, o livro que reúne a correspondência entre Getúlio Vargas e a filha Alzira do Amaral Peixoto, com quem tinha relações próximas nos assuntos políticos e administrativos. A obra, em dois volumes, trata do período que vai da deposição à eleição em 1950. Trata-se de um precioso relato das articulações políticas de candidatos, desde a eleição do Marechal Dutra a própria campanha de 50, passando pela Constituinte de 46, em que Getúlio foi eleito senador e deputado por diferentes estados. Mas, além disso, o livro mostra como se fazia política naquele tempo. E evidencia a vida modesta de fazendeiro de quem exerceu o poder por 15 anos.


Getúlio contou mesmo para a volta ao poder com os companheiros de 30 até o fim do Estado Novo, espalhados pelo PSD. No partido, estavam políticos como Benedito Valadares, governador de Minas escolhido por ele; JK, que foi prefeito nomeado de BH, deputado constituinte e que se elegeu com ele, em 50, para o governo mineiro; Amaral Peixoto, interventor que viria ser eleito governador do Estado do Rio; Filinto Müller, do PSD-Mato Grosso, do PTB já com Jango muito jovem assumindo a posição de herdeiro político, no PSP de Adhemar de Barros, que se elegeu governador, em 46, e deu o vice Café Filho, em 50. 


O livro ganha dimensão neste momento em que estamos numa campanha eleitoral em que o nível deixa a desejar, com acusações de todos os lados, muitas preconceituosas, mentirosas, criando um clima de divisão entre políticos e eleitores. Poucos defendem programas para o combate à crise econômica, preferindo futricaria contra adversários; quando não, promessas de viés demagógico.


A mãe de todas as reformas parece ser a da maneira de fazer política, de administrar o país. Precisamos da volta do exemplo de Vargas, incluindo seus opositores – contundentes, mas homens de bem. Alguns se excederam, como Afonso Arinos Sobrinho, da UDN, que, no entanto, teve tempo, antes de morrer, de mostrar arrependimento por recorrer a violência verbal sem lastro na verdade nos debates que antecederam o final trágico do estadista.
O Brasil merece manter os bons e agregar novos valores nestas eleições!


*Escritor e jornalista
 

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