Febre amarela: por que se vacinar ?

12/09/2018 às 19:48.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:25

Nayara Medeiros*

Atualmente, com a chegada do verão, vivemos sob risco das infecções virais transmitidas por mosquitos. Desta vez, contrariando as expectativas, não é dengue, não é zika, muito menos chikungunya. O que tem assombrado a população é a febre amarela, cuja transmissão urbana já não se tem registro há muitas décadas no país. Outro ponto importante é a vacina contra a febre amarela disponibilizada gratuitamente nos postos de saúde. Talvez, por ter a transmissão urbana controlada há tantas décadas, a população tenha negligenciado a vacinação.

Desde o século XVII, quando estudos apontaram a eficiência da vacinação para a imunização contra infecções, o histórico tem sido de resistência. Muitos boatos têm emergido acerca da vacina contra a febre amarela, que teve sua dose fracionada em virtude da grande procura. Contudo, uma queda considerável na procura ocorreu recentemente. A apreensão inicial com a doença parece ter sido substituída pelo temor de reações adversas à vacina.

A vacinação é extremamente segura, o risco maior fica por conta da não vacinação. A febre amarela não tem tratamento e cerca de 10% dos infectados têm alterações hepáticas graves, podendo evoluir ao óbito em até 14 dias. A única forma de evitar a infecção é a vacina, que se mostra extremamente segura e eficiente. Os efeitos neurológicos ou sintomas leves da doença em decorrência da vacina ocorrem na proporção de 1 a cada 400 mil pessoas vacinadas.

Existem rumores sendo espalhados maciçamente, em virtude da velocidade das mídias sociais, que mutações genéticas foram encontradas no vírus e que isso esteja impactando a eficácia da vacina. Porém, a Fundação Oswaldo Cruz comunicou que essas alterações genéticas no vírus da febre amarela de nada interferem com a eficácia da vacina e que esta continua ser extremamente segura.

A proteção oferecida atinge quase 98% dos vacinados. Como qualquer vacina, uma pequena porção de pessoas pode não desenvolver anticorpos que imunizam contra o vírus e que podem ser infectadas. Em Minas Gerais, apenas 11 pessoas dos 16 milhões que são vacinados desenvolveram a doença. Vale ressaltar que esse índice é praticamente zero e muito menor do que o aceito pela Organização Mundial de Saúde. 

A vacina só é contraindicada em pessoas que estão imunossuprimidas, como é o caso de quem tem HIV, pessoas em tratamento contra o câncer, gestantes e pessoas com alergia à proteína do ovo. O fracionamento da vacina não traz prejuízo a sua eficácia, ela apenas protege por um tempo menor (cerca de 8 anos). Portanto, se você não tem as contraindicações citadas acima, o melhor que você pode fazer é se vacinar. O maior risco é não estar protegido. E procure informações seguras nos órgãos competentes como a Fiocruz, o Ministério da Saúde e a OMS. 


*Farmacêutica, mestre em biologia celular e doutoranda em ciências da saúde, docente dos cursos de enfermagem e nutrição da FKBH e docente do curso de psicologia da Faculdade Promove.
 

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