Feliz ano novo

26/06/2020 às 21:41.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:53

Juninho Sinonô*

Por diversas vezes, ouvi pessoas de segmentos distintos afirmarem que “o ano está perdido”. É inquestionável o impacto causado na até então normalidade do cotidiano de todos nós. Certamente é sim um ano diferente dos outros, contudo, perdido jamais. Pelo contrário.

Tal pessimismo é decorrente das mazelas que ficaram escancaradas, porém, elas são apontamentos antiquíssimos, que não puderam continuar a serem protelados. O tempo parou, e fomos forçados a encarar aquilo que até então era evitado.

A começar pelo isolamento social, que nada mais é do que a solução encontrada para a falta do suporte médico-hospitalar e carência de amparo na hipótese do excesso de doentes. A causa não é o vírus em si, mas o sucateamento da saúde pública e da precariedade da sua infraestrutura.

A questão da educação não é a falta das aulas e sim que em plena revolução digital, na era da tecnologia, a maioria dos alunos da rede pública sequer possui computador. Quiçá internet, já que em algumas localidades nem cabeamento tem. Como cobrar presença nas chamadas “virtuais”? 

O mesmo a dizer do campo profissional. Os “expoentes” continuam pautados na flexibilidade de adequação aos cenários variáveis, atenção daquilo que é de interesse do consumidor, que se tornou mais exigente e colocou seu bem-estar como prioridade, na proatividade voluntaria do colaborador, já que o home-office serviu para mostrar quem corresponde ao rendimento esperado e em destreza emocional, para lidar com tantas mudanças, exigências e alternância de comportamentos simultâneas. Nada que já não fosse cobrado pelos RHs.

Na economia, o dinheiro não diminui, apenas troca de mãos. Agora ele tende para os que seguiram as premissas básicas do respeito ao fluxo de caixa e constituição do bom fundo de reserva. Os que possuem saldo estão, como de costume, aproveitando o momento ruim dos que não fizeram o mesmo. Interessante apontar o considerável número de pessoas físicas que ingressaram na bolsa de valores do meio do ano passado até o presente, saltando de 700 mil para 2 milhões de investidores.

Na esfera política, o assunto é orçamento, equilíbrio dos gastos agravados pelos benefícios extraordinários e a queda da arrecadação. Será que alguém chegou a pensar em reduzir os R$ 43,9 bilhões destinados às pensões e aposentadorias de cerca de 300 mil militares e pensionistas, além dos R$ 319 bilhões pagos somente pelo governo federal em 2019 com salários e encargos, nos cerca de 3.000 cargos, ou nos R$ 128 bilhões anuais destinados aos políticos e seus assessores ?! Que tal darmos o nome de “Reforma Administrativa” a esse corte de despesas? 
Quem sabe este ano não será aquele em que trocaremos velhos hábitos por soluções tão velhas quanto, mas até então inaplicadas? Se, pelo gracejo do destino, isso se tornar inevitável ante a urgência da necessidade, então, teremos sim a longo prazo, um ano maravilhosamente eficiente.

*É advogado, professor, mestre em Direito Empresarial, MBA em Direito Empresarial e Economia, pós-graduando em Direito Tributário, radialista, jornalista e empresário do setor imobiliário

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