(Editoria de Arte)
Eduardo Mufarej*
O Brasil tem a oportunidade de ser palco e receber atenções de diversas partes do planeta por causa de um evento esportivo com a Olimpíada do Rio de Janeiro. É um momento importante para o país, que de certa forma acaba ofuscado pelo cenário político e econômico, porém evidencia as dificuldades que os atletas e equipes enfrentam, especialmente quando o assunto é patrocínio.
Dedicar-se ao esporte ainda é um desafio para diversos brasileiros que não contam com apoio financeiro nem estrutura para se manter sozinhos. Esportistas batalham muito mais fora das pistas e quadras para conseguir manter o esporte enquanto profissão. Muitas vezes é preciso se destacar, ter medalhas, conquistar marcas inéditas para atrair olhares de investidores ou patrocinadores. Em modalidades menos tradicionais, esse caminho é ainda mais complexo.
O grande desafio é como seduzir patrocinadores para modalidades que normalmente estão fora do radar destes, e de que forma se pode constituir uma proposta que esteja alinhada com os princípios e valores das companhias. O caminho para a empresa definir em que alocará seus recursos também não é dos mais fáceis.
Aliás, estruturar órgãos, como confederações esportivas, exige um cuidado que se equipara a grandes empresas. Governança, modelo de gestão, transparência e a formação de um conselho de administração são apenas alguns desses itens.
Decidir investir no esporte exige muita análise por parte da empresa. E para esse processo render bons resultados, é cada vez mais necessário apostar na Governança e no compliance. Agir com transparência e aderir a processos de Governança exige que se dê um passo à frente.
Recentemente, um dos melhores exemplos disso foi o Pacto pelo Esporte. Assinado em outubro passado, ele autorregula os investimentos do setor e propõe a criação de uma cultura profissional na gestão de investimentos. A iniciativa, inédita no mundo, foi promovida pela Atletas pelo Brasil, visando resultado a longo prazo .
Algumas das principais empresas do Brasil fazem parte do grupo de trabalho que redigiu o Pacto pelo Esporte, como a SOMOS Educação. São companhias decisivas para a prática desportiva no País e que, juntas, investem aproximadamente R$ 550 milhões por ano em patrocínios e outras formas de apoio.
Com o Pacto pelo Esporte, teremos a chance de notar uma mudança no conceito de patrocínio esportivo no Brasil, com o potencial de influenciar a sociedade a transformar a relação patrocínio-empresas-atletas para um modelo mais transparente e sustentável ao legado do esporte, indo além de quadras e centros esportivos.
Precisamos desenvolver a cultura de uma gestão sólida no mundo esportivo para, enfim, podermos assistir à sua profissionalização efetiva.
(*) Presidente do Conselho da Confederação Brasileira Rugby (CBRu), CEO da SOMOS Educação