Gratuidade e demagogia

14/11/2016 às 20:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:39

Aristóteles Drummond*

Nesse momento em que o Brasil quer enfrentar a crise na economia, com coragem e determinação, deve-se reavaliar algumas questões de justiça e bom senso. Uma delas é a legislação que garante gratuidades e cotas sem outro sentido que não o demagógico, fruto de uma mentalidade menor, de quinto mundo.
O primeiro se refere à gratuidade em transportes públicos para os idosos. Ora, quem precisa e deve ter a gratuidade é o pobre e não o idoso. Por exemplo, aposentado e sem trabalhar, com até dois mínimos, mesmo com menos de 60 anos, poderia requerer a carteira de isenção.

As cotas também são equivocadas, pois partem do princípio de que a cor determina a necessidade. Quem precisa de cota, é bom repetir, é o pobre, o aluno que não estudou nas grandes escolas – seja ele branco, negro, mulato, índio ou asiático. A gratuidade a quem não precisa constrange, uma vez que, como repetia Roberto Campos, não existe almoço de graça.

O serviço das barcas que ligam o Rio a Niterói e a outros destinos na Baía da Guanabara anda deficitário para a concessionária, em parte pelo exagero da gratuidade. Tem muito idoso que pode e quer pagar, consciente do absurdo que é não cobrar.

Até uma simples renovação de carteira de motorista, que se supõe seja de quem possua o veículo, é dispensada da taxa para os idosos. O desconto em cinema, setor que anda sofrendo queda de arrecadação, é outro absurdo. Cinemas nos shopping de luxo cobram meia-entrada ao idoso, quando deveria ser como antigamente, ou seja, gratuidade apenas ao estudante, mediante apresentação da carteira. 

O atendimento de saúde melhoraria muito se fosse instituído um programa com base na vitoriosa experiência da Prefeitura de São Paulo, na gestão Paulo Maluf, em que os postos de saúde tinham o horário de funcionamento prorrogado, com o essencial (segurança e limpeza) dado pelo município, e os médicos podendo cobrar consultas em valor que corrigido seria de R$ 40. Quem pudesse, ao invés de ficar na fila habitual e nem sempre conseguir ser atendido, iria no horário da tarde, que era das 16 às 22 horas, pagando uma consulta popular. Não acabaria a gratuidade, mas aumentaria o atendimento.

(*) Jornalista e escritor 
 

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