Hora do Leão

24/04/2018 às 21:48.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:30

Aroldo Rodrigues*

Já era para estarmos acostumados, afinal de contas todo ano perdemos um bom tempo coletando os documentos e elaborando nossa declaração, mas quase sempre fica a impressão de que estamos sendo lesados. Não porque haja algum erro de cálculo na declaração, e sim porque esta é uma das raras oportunidades que vemos, em valores consolidados, o quanto pagamos em impostos.

Teoricamente o Imposto de Renda seria o mais justo. Considerado como imposto direto, é uma forma de cobrar mais de quem possui maiores rendimentos e transferir essa renda para classes menos favorecidas, financiando políticas públicas que as favoreçam. Ao contrário do imposto indireto, que incide em mesmo grau sobre produtos e serviços. Ao comprar um pacote de feijão, por exemplo, uma pessoa carente paga o mesmo valor de imposto que um indivíduo que tem uma alta renda. 

Mas por que ainda assim temos a sensação que algo está errado? O grande problema é a utilização do dinheiro arrecadado. Esses recursos são destinados para a gestão dos serviços públicos federais, estaduais e municipais, tais como programas de saúde, educação, desenvolvimento social, obras de infraestrutura, cultura e esportes. A ineficiência do Estado não permite que o cidadão perceba a sua aplicação.


Outro ponto que deixa o contribuinte indignado é a corrupção que diariamente estampa as manchetes dos jornais. É impossível, em um período de pagamento de Imposto de Renda, não associar a imagem de uma sala de apartamento com milhões de reais em caixas e malas com o dinheiro que sai do seu e do meu bolso. Temos a nítida percepção que é o nosso dinheiro que estava ali. Enquanto o sistema de prestação de serviços públicos sofre com a falta de investimentos e recursos para custeio.


Mas lei é lei, temos que pagar. O prazo termina na próxima segunda-feira. Não deixe para a última hora e cuidado com as deduções com saúde e educação, existem alguns gastos desse grupo que configuram como “despesas não dedutíveis”. Com relação à má utilização do dinheiro, devemos esperar até dia 7 de outubro, dia em que poderemos dar nosso recado nas urnas.


*Economista e professor universitário
 

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