Inflação em queda

04/07/2017 às 15:20.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:22

Aroldo Rodrigues*

O Boletim Focus Banco Central, revisou novamente para baixo a previsão de inflação, tanto para 2017 quanto para 2018. A expectativa de inflação para dezembro de 2017 reduziu de 3,48% para 3,46%, quinta queda consecutiva. Para 2018 a previsão também foi reajustada para baixo, passando de 4,30% para 4,25%, quarta queda seguida. 

A expectativa do mercado financeiro segue a tendência do governo, que na semana passada através do Conselho Monetário Nacional alterou a meta central de inflação, dos atuais 4,5% para 4,25% em 2019, e para 4% em 2020. Esta é a primeira redução de meta desde 2005. De lá para cá a meta se manteve estável em 4,5%, o que é considerada alta no ranking internacional. A média de países que adotam esse sistema são metas que flutuam entre 2 e 3,5%. 

É comum elencarmos a baixa atividade econômica como causa da forte desaceleração dos preços; todavia, tal análise não é completa. De fato, a desaceleração da economia tem auxiliado na redução dos preços, sobretudo nos serviços, que desde 2008 eram reajustados a taxas médias de 11%. Atualmente, já se encontram abaixo dos 6%. Mas devemos destacar a importância de outros fatores que contribuem para esta redução: Estabilização dos preços administrados; valorização do real e safra recorde de alimentos.

Os preços administrados, que são aquelas tarifas insensíveis a oferta e demanda do mercado, reajustados diretamente pelo governo, ficaram represados no final do primeiro mandato da presidente Dilma. Viram seu reajuste sair de 18,06% para 4,25, provocando redução direta no IPCA em torno de 3%. 

A taxa de câmbio também colabora para redução da pressão inflacionária. Em janeiro de 2016 o dólar estava em R$ 4,00 e veio recuando até atingir R$ 3,14 na média do primeiro trimestre deste ano. Esta valorização do real possibilita uma redução dos preços no mercado interno, uma vez que reduz o valor das importações. Uma taxa de câmbio mais valorizada também desestimula em parte a exportação, aumentando a oferta de bens no mercado interno pressionando, para baixo, o nível de preços.

A inflação controlada pavimenta o caminho para novos cortes na taxa de juros. A expectativa é que na reunião do COPOM deste mês tenhamos uma redução de 1% na SELIC. Estímulo importante para a retomada gradual e sustentável da atividade econômica.

(*) Economista, consultor de empresas, palestrante e professor universitário

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