Intervenções cambiais

16/09/2016 às 21:03.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:52

Caio Megale e Julia Gottlieb*

A discussão sobre regimes cambiais é intensa na literatura econômica. Por ser um preço muito importante na economia, é grande o apelo por um regime de câmbio fixo, que traga previsibilidade a empresas e consumidores. No entanto, na prática a teoria é outra. Em primeiro lugar, porque é difícil estabelecer o nível certo para se fixar o câmbio, diante de uma realidade econômica em constante mutação. Em segundo, porque o câmbio fixo frequentemente se torna alvo de ataques especulativos, quando há crises de confiança e o governo não tem reservas suficientes para defender o regime.

Desta forma, a maioria dos países emergentes migrou, desde os anos 90, para regimes flutuantes, mas permitindo intervenções da autoridade monetária para reduzir a volatilidade. Quando os fundamentos mudam, a taxa de câmbio se ajusta, mas a autoridade intervém, minimizando solavancos exagerados.

O Brasil adotou o regime flutuante em 1999. Este tema voltou a ganhar força com a recente apreciação do real em resposta ao cenário externo favorável e à expectativa de ajustes fiscais. O BC, depois de um tempo fora do mercado, retomou os leilões diários para reduzir sua posição de derivativos cambiais. É difícil estabelecer o nível certo para se fixar o câmbio, diante de uma realidade econômica em constante mutação.

O Brasil vem passando por importantes transformações, em meio a um cenário externo relativamente estável e bastante líquido. Neste ambiente, é possível que a pressão para apreciação cambial se intensifique. O BC provavelmente não tentará interferir na trajetória, respeitando o regime flutuante, mas pode intensificar a atuação.

Neste caso, acreditamos mais em intervenções via derivativos ou compra de reservas, dependendo da natureza do fluxo, ao invés de medidas de controle. Outra alternativa, talvez mais adequada à conjuntura de recessão econômica, é acelerar a redução da taxa de juros, mas isso só quando as perspectivas para a inflação, que dependem de vários outros fatores, permitirem.

(*) Economistas do Itaú Unibanco

 

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