Investimentos de fora na aviação

09/08/2016 às 22:03.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:16

Fábio Augusto Jacob*

Recentemente, esteve em discussão em Brasília a medida provisória que permitiria o aumento de 20% para 49% da participação estrangeira nas companhias aéreas brasileiras. Após a passagem pela Câmara dos Deputados, esse porcentual foi elevado, por intervenção do governo, para 100%. A reação da comunidade aeronáutica levou o presidente interino, Michel Temer, a vetar qualquer aumento, mantendo em 20% a participação. 

Mas será que já não está na hora de permitirmos que o capital estrangeiro entre mais fortemente no nosso mercado aéreo?
Primeiro, temos de verificar algumas características desse setor que demanda investimentos em larga escala. Não por outra razão, o governo sempre esteve fortemente presente, não apenas como regulador, mas como financiador, tanto das empresas aéreas quanto da indústria aeronáutica. 

Mas não se pode deixar de observar outra característica do setor aéreo brasileiro, que tem a ver com as dimensões do país. Todos os meios de transporte sempre encontraram dificuldades na interiorização. Desde o início de operação da Varig, em 1927, os sucessivos governos incentivaram, sempre que possível, por meio de redução de tarifas e financiamento, que as empresas aéreas locais olhassem em direção ao interior.

Apesar da boa vontade das empresas, o interior do país sempre foi carente de voos regulares. Ainda hoje, diversas localidades do Norte do Brasil são atendidas pelos aviões da Força Aérea Brasileira, pois a distância e a falta de recursos torna impeditiva a exploração comercial. Por melhor que seja a intenção, as empresas aéreas precisam ser superavitárias, ou não sobrevivem. 

Será, então, que o governo conseguirá incentivar empresas aéreas estrangeiras a manter linhas para importantes cidades do interior? Mesmo importantes municípios poderiam ficar desprovidos de serviços regulares, caso apenas a viabilidade econômica seja considerada.

Quem sabe o mais prudente seja permitir o aumento da participação externa, inicialmente, para algo como 49%. Feito isso, e caso os resultados se mostrem positivos, poderemos novamente discutir um maior aumento, mas sem perder de vista o progresso do país como um todo.

(*) Oficial-aviador aposentado da Força Aérea Brasileira, é coordenador e professor da Academia de Ciências Aeronáuticas do Centro Tecnológico Positivo (CT).

 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por