Ladrões de seu dinheiro

15/07/2016 às 09:01.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:18

José Pio Martins (*)
opiniao@hojeemdia.com.br

No começo deste milênio, o forte aumento do consumo da China provocou a explosão, entre 2002 e 2010, dos preços dos minérios e das commodities alimentícias que o Brasil exporta. Assim, uma enxurrada de dólares ingressou no país.

Após 2010, a euforia acabou. A China entrou em retração, os preços das exportações retrocederam, Dilma cometeu erros, e o Brasil entrou em recessão. O Produto Interno Bruto terminará 2016 em torno de 7% menor que o de 2013. É nesse cenário que perigosos ladrões estão levando seu dinheiro, principalmente se você for assalariado. Destaco quatro deles.

O primeiro é a inflação. Em 2015, a inflação oficial fechou em 10,67%. Ela é o maior inimigo de seu dinheiro. A inflação corrói o poder de compra dos salários e desvaloriza os ativos das pessoas. A alta de preços é uma das causas de empobrecimento. Os ricos se defendem dela; os pobres não.

Depois vêm os impostos. Em 1985, o presidente Sarney reclamou que a carga tributária era de “apenas” 21% da renda nacional. Ao fim do governo Fernando Henrique, em 2002, os tributos comiam 32,6% de toda a renda do país. Lula elevou a carga para 36%. No atual ritmo, em dois anos chegaremos a 40%. Mais impostos significam menos renda pessoal disponível. É você mais pobre.

Em terceiro lugar, há o FGTS. Ele é uma via pela qual o governo está comendo se “come” o patrimônio do trabalhador assalariado. A taxa de juros que o governo paga sobre o FGTS é de 3% ao ano, mais a Taxa de Referência (TR), que é manipulada e anda próxima de zero. Somente no ano passado, o fundo rendeu menos de 4%, com uma inflação de 10,67%. Ou seja, você “entregou” ao governo quase 7% de seu patrimônio somente em 2015. No longo prazo, seu dinheiro no FGTS será dilapidado.

Por fim, vem a Previdência Social. O trabalhador paga até 11% de seu salário para o INSS (limitado ao teto-base de R$ 5.189,82). O patrão paga mais 20%, não do teto, mas sobre o salário total. No passado, o teto do INSS chegava a dez salários mínimos. Acabou! O teto atual é de pouco mais de cinco salários mínimos.

Diante de tal quadro, o que fazer? Primeiro, não esperar ajuda nenhuma do governo. Segundo, saber que os ladrões de seu dinheiro continuarão agindo. Terceiro, buscar educação financeira para defender-se dos ataques. Quarto, montar seu plano financeiro, construir suas próprias reservas e cuidar de seu futuro. Ou faz isso, ou sua velhice poderá ser dura e triste.

(*) Economista, é reitor da Universidade Positivo

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