Mês da conscientização sobre o câncer de bexiga

10/07/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:27

André Márico Murad(*)

Para alertar a população sobre os sintomas, fatores de risco e o aumento da incidência do câncer de bexiga, o mês de julho foi escolhido como o período de conscientização quanto a assuntos relacionados a este tipo de neoplasia. Em 2016, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou a incidência de 9.670 novos casos do câncer de bexiga no Brasil, sendo 7.200 em homens e 2.470 em mulheres. A mortalidade é estimada em 3.600 óbitos anuais. 

O câncer de bexiga é o tumor mais comum do sistema urinário, sendo mais prevalente em homens de meia idade, tendo como principal fator de risco o tabagismo, que aumenta até dez vezes a chance de desenvolver a doença. Além do tabagismo e da idade avançada, o câncer de bexiga se relaciona com infecções parasitárias, radiação e exposição a substâncias químicas.

O cigarro possui em torno de 100 substâncias cancerígenas, sendo a nicotina o principal implicador. Vários compostos carcinógenos são absorvidos pela corrente sanguínea gerando cânceres mesmo em órgãos não diretamente expostos à fumaça, como, por exemplo, na bexiga. A nicotina e a nitrosamina são exemplos de carcinógenos causadores de câncer de bexiga provenientes não só do cigarro, mas também do charuto, do cigarro de palha e do cachimbo. 

Outros agentes causais são pigmentos de tintas e corantes especialmente a anilina, além de outros compostos químicos e solventes como naftilamina, o aminobifenil, a benzidina e a toluidina, compostos estes utilizados na indústria de tintas, pigmentos, borrachas, couro e produtos têxteis. Algumas doenças genéticas também podem causar predisposição ao câncer de bexiga, como a Síndrome de Lynch. 

Com origem nas células que revestem o órgão, este câncer pode ser dividido em três tipos: o carcinoma de células de transição, que representa a maioria dos casos e começa nas células do tecido mais interno da bexiga; o carcinoma de células escamosas, quando o tumor afeta as células delgadas e planas que podem surgir na bexiga depois de infecção ou irritação prolongadas; e a adenocarcinoma, que tem início nas células glandulares (de secreção) e que também está relacionado a processos inflamatórios crônicos. 

Com números crescentes ao longo dos anos e sendo pouco discutido dentre a sociedade médica e público em geral, o câncer de bexiga é confundido com outras doenças de menor complexidade e gravidade, gerando assim uma grande dificuldade quanto a identificação de seus sintomas. Os sintomas da doença incluem o sangramento na urina, dificuldade ou ardência ao urinar, incontinência urinária, dores nas costas, fadiga e perda de peso. 

A melhor maneira de prevenir o câncer de bexiga é evitar os fatores de risco e a realização de consultas regulares. Pessoas que trabalham com compostos de borracha, couro, tintas e na indústria têxtil devem fazer exames de rotina e estar sempre atentos aos sintomas dados pelo organismo.

(*) Oncologista, professor, pesquisador e coordenador do Serviço de Oncologia do Hospital das Clínicas da UFMG e diretor da Clínica Personal – Oncologia de Precisão e Personalizada

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