Maquiavel e o preço de viver a vida como ela é

14/06/2021 às 15:07.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:10

Mauro Condé *

“Controle o seu destino, antes que mais alguém o queira controlar”. Jack Welch

Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes livros sobre Filosofia e Política.

Eles me levaram até a cidade de Florença, na Itália do ano de 1526, onde fui recebido por Nicolau Maquiavel, a quem fui logo pedindo:

Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.

- Procure se autoconhecer mais profundamente para decidir o que não fazer antes de tomar decisões importantes na vida.

Cerca de 500 anos atrás, Maquiavel escrevia “O Príncipe” com o intuito de mapear as verdadeiras características de um líder poderoso, com base num estudo profundo sobre os maiores governantes da história.

Por mais estranho que possa parecer, seus textos sugeriam que o povo não deveria se surpreender ou se frustrar com o fato de os políticos usarem mentiras e dissimulações como meio de sobrevivência.

Segundo suas pesquisas, mais importante do que ser um bom cidadão, amistoso e honesto, o bom político deveria ter um lado “mau” e agir de forma ocasionalmente sombria e ardilosa para defender, enriquecer e honrar o Estado, caso contrário não seria nem respeitado, nem obedecido e perderia totalmente o poder.

Maquiavel detectou uma grande incompatibilidade entre o exercício do poder e atitudes misericordiosas, pacíficas, generosas e tolerantes pregadas por seus contemporâneos cristãos.

Ilustrou com histórias reais exemplos de líderes políticos que foram ejetados do poder por causa da ameaça que seus comportamentos éticos, inspirados na ideia da bondade cristã, representavam para seus opositores, unidos e corruptos.

A Igreja Católica proibiu as obras de Maquiavel por mais de 200 anos por causa da veemência com que ele afirmava que ser um bom cristão era incompatível com ser um bom líder.

Dizem os historiadores que Maquiavel foi vítima de um grande e raro mal entendido histórico.

Até para quem nunca leu nenhum dos seus textos, seu nome é usado como adjetivo para exemplificar um político que se agarra a todos os tipos de conchavos e artifícios para exercer seu mandato e não perder prestígio e poder.

Sua maior intenção, no entanto, teria sido a de alertar seus leitores sobre o preço que teriam que pagar caso se aventurassem a encarar a vida como ela é.

* Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco

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