Maradona ‘es mejor’

05/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:44

José Roberto Lima*

Nas próximas horas, embarcarei com minha esposa para Buenos Aires. De 2010 a 2014, durante nosso mestrado em Ciência da Educação, estivemos no país vizinho em várias oportunidades. 

Mas, desta vez, vamos a passeio. Assistiremos a uma apresentação de tango, visitaremos a Casa Rosada e a Catedral na Praça de Maio, entraremos no Estádio do Boca Juniors e atravessaremos o “Paseo del Rosedal”, onde os casais renovam o amor e a lealdade.

Ao se aproximar a hora do embarque, fico pensando na jornada do nosso mestrado. Chegávamos de madrugada e viajávamos com o grupo de alunos até a cidade de Tandil, 400 quilômetros ao Sul de Buenos Aires. 

Ficávamos hospedados na casa da Dona Stela e do Senhor Arthur. Eles, muito educados, sugeriam passeios e não deixavam faltar feijão e café na nossa alimentação. A hospitalidade deles ajudou muito na nossa formação. 

Nas aulas, estudávamos autores como Paulo Freire, Jean Piaget, Jürgen Habermas, Philippe Perrenoud, Michel Foucault, etc. Comparávamos as teorias deles com a nossa prática, pois, tanto eu como minha esposa, já lecionávamos há muitos anos.

Foi nesse contexto que comecei a escrever o livro que deu origem a esta coluna, contando minha trajetória de aprovação em 15 concursos públicos. Pensando nos alunos, que rotineiramente me pediam um manual com as dicas de memorização e aprendizagem, usei uma linguagem descompromissada com os rigores acadêmicos.

Desse modo, minha jornada de estudos na Argentina resultou em duas obras. Uma é dirigida aos alunos; é o manual de aprendizagem que eles tanto me pediam. A outra é dirigida aos professores de Direito e foi apresentada como tese perante a banca examinadora: “Pedagogía del Abogado” (Pedagogia do Advogado).

Espero, um dia, publicar esta tese. Como dito, ela é um guia dirigido aos advogados que queiram iniciar a carreira de professor. Nela eu compartilho a teoria e prática de duas décadas no magistério.

A viagem, que agora farei com minha esposa, será oportuna para reavivar nosso matrimônio e relembrar os sacrifícios e aprendizados durante o mestrado. De todas essas lembranças, nunca me esquecerei das conversas amistosas com argentinos de todas as idades. 

Nessas ocasiões, sempre surgia a pergunta que não quer calar: “Quién es mejor: ¿Pelé o Maradona?”
– “Maradona es mejor” – respondi várias vezes.

Eles ficavam surpresos com a resposta. Afinal, era um brasileiro dizendo que Maradona é melhor. E não resistiam em fazer outra pergunta: “¿Por qué?”
E a minha resposta provocava o mais amistoso dos sorrisos:

– Yo te digo que Maradona es mejor pues estoy en tu país. ¿Tú piensas que yo soy tonto de decir el contrario? (Eu te digo que Maradona é melhor porque estou em seu país. Você pensa que eu sou bobo de dizer o contrário?)

*Advogado, professor da Faculdade Promove, mestre em Educação, delegado federal aposentado e autor de “Como Passei em 15 Concursos”

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