Mas o que é saúde?

14/04/2016 às 21:24.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:57

Luiz Otávio (*)

No dia 7 de abril comemora-se o Dia Mundial da Saúde. A data foi criada para estimular a reflexão sobre a saúde. Por isso, uma oportunidade para se discutir os objetivos e desafios da gestão sustentável da promoção da saúde.

Se olharmos sob a perspectiva histórica, poucas iniciativas apresentaram resultados espetaculares quanto à evolução da saúde. A expectativa ao nascer, hoje, é aproximadamente duas vezes maior do que era no começo do século 20. Grande parte desta evolução se deu na saúde pública e saneamento básico. As melhorias nas condições alimentares, de habitação e trabalho contribuíram para uma vida longa e de melhor qualidade. Vacinas foram inventadas e disseminadas. Observamos avanços nas tecnologias disponíveis e métodos capazes de diagnosticar e tratar doenças que não eram conhecidas.

Mas ainda temos a nos preocupar. O aparecimento de novas doenças, especialmente as infecto-contagiosas, se soma ao recrudescimento de endemias eliminadas. Paralelamente, o aumento do número de males crônicos, relacionados ao envelhecimento da população e aos maus hábitos de vida, sobrecarregam os sistemas de saúde. Estes fenômenos ocorrem em maior ou menor grau e com características um pouco diferentes em todo o mundo. Mas no Brasil o contexto o torna preocupante.

Temos um sistema público de saúde dos mais modernos do mundo. O SUS é reconhecido internacionalmente como modelo na gestão de saúde de grandes populações, especialmente em países em desenvolvimento. Entretanto, enfrentamos problemas de financiamento. O orçamento do SUS é inferior ao necessário. Isso gera uma oferta de recursos inferior à necessária para garantir a disponibilidade frente à demanda. O resultado é o sucateamento da rede prestadora e a baixa oferta de profissionais qualificados.

Com relação à saúde suplementar o cenário não é menos preocupante. Desde a regulamentação do setor, em 1998, tem ocorrido grande concentração na área pelo desaparecimento de operadoras. Problemas chamam atenção como a pressão de custos, relacionada à incorporação tecnológica desmedida, e a lógica consumista que banaliza a utilização de recursos, e a corrupção do setor, evidenciada pelas denunciadas máfias dos materiais médicos. A somatória leva ao sufocamento das operadoras com repercussão direta para os clientes. Paralelamente, a crise econômica solapa a capacidade de pagamento das empresas, responsáveis por 75% das contratações de planos de saúde no país.

Em resumo, nenhuma atenção é pouca com os desafios que a saúde nos impõe. Em algum momento da vida nós dependeremos de algum tipo de cuidado da saúde. Caberá à sociedade decidir como viabilizar a incorporação de mais recursos e como gerenciar a distribuição destes para garantir uma saúde inclusiva, eficiente e sustentável. A data é, portanto, uma lembrança à responsabilidade que temos diante de tão gigantesca tarefa.

(*) Assessor de Regulação e Saúde Integral da Unimed Federação Minas

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