Mastectomia de Transexualização

11/09/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:29

Douglas de Miranda Pires (*)

A mastectomia tem sido um assunto muito comentado nos últimos dias. O procedimento foi oficializado pelo SUS em 2008, ampliando as oportunidades para o transexual sem recursos próprios para arcar com os altos custos da cirurgia.

Na mastologia, os médicos são responsáveis pela mastectomia de transexualização, que é a cirurgia de retirada das mamas femininas. A técnica é aplicada nos casos de cirurgias em transexuais femininos e o procedimento é comum em pacientes com patologias malignas de mama, como o câncer. 

O procedimento é o mesmo para ambos os casos. A mudança para o transexual está na diminuição do mamilo e que não é reconstruído com prótese.

Durante o procedimento, todas as glândulas mamárias são retiradas. Os cuidados do paciente são os mesmos de uma cirurgia de ginecomastia (crescimento fora do normal das mamas em homens).

Após a cirurgia de retirada dos seios, o paciente tem que usar uma malha compressiva no tórax por 30 dias. Como toda cirurgia plástica, terá cicatriz com melhor ou pior resultado, dependendo dos cuidados do cliente e, principalmente, da genética de boa ou má cicatrização.

Em 2015, foram feitos 3.440 procedimentos brasileiros de transexualização, entre cirurgias de redesignação sexual, retirada das mamas, plástica mamária reconstrutiva (incluindo a colocação de próteses de silicone) e tireoplastia (troca da voz).

Contudo, a demora para a realização do “nascimento transexual” é uma reclamação comum entre os que estão na fila de espera pela cirurgia de redesignação sexual, que pode levar, em média, de dez a 12 anos. Os procedimentos para adequação do corpo de quem não se identifica com o sexo biológico são feitos em apenas cinco estados e em uma escala muito menor que a demanda, por isso a espera é grande.

O Conselho Federal de Medicina reconhece o tratamento de transgenitalismo de adequação do fenótipo feminino para masculino. Os procedimentos autorizados são a retirada de mama, útero e ovários.

Os tratamentos devem seguir os seguintes pré-requisitos: avaliação de equipe multidisciplinar com médico psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social. O acompanhamento deve ser de, no mínimo, dois anos.

O tratamento só pode ser realizado em maiores de 21 anos, depois de diagnóstico médico e com características físicas apropriadas para a cirurgia. Existem muitos casos do transexual se mutilar, por rejeitar o próprio corpo. E a medicina pode ajudar a construir a cidadania dessas pessoas, independentemente da identidade de gênero.

As técnicas de transgenitalização avançaram muito nos últimos anos, ampliando a esperança de que cada vez mais profissionais e hospitais realizem a cirurgia gratuitamente pelo SUS, buscando a satisfação e tranquilidade de tantas pessoas que lutam pela redesignação sexual.

(*) Diretor da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Minas Gerais

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