Minas: Estado plural e receptivo

07/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:46

Sebastião A. Colomarte *

Nasci na cidade de Miraí, na Zona da Mata. Atualmente resido em BH, mas durante a construção da minha trajetória de vida e profissional, tive a oportunidade de conhecer praticamente todo o Estado, bem como as peculiaridades de cada região, que fizeram dessa terra, única, e ao mesmo tempo, diversa em aspectos históricos, culturais, gastronômicos e turísticos...

O crescimento populacional provocou uma evolução cultural com características próprias, tornando o Estado, rapidamente, importante centro econômico do país. A história contrasta com a exploração de ouro, diamantes, escravos africanos, e índios. 

Com a decadência do ouro, ocorreram o esvaziamento maciço das vilas mineradoras e o deslocamento populacional para outras regiões. Tais mudanças provocaram a expansão das fronteiras da capitania, antes restritas à região das minas. O rompimento desse processo de estagnação econômica ocorre no início do século XIX com o surgimento de uma nova e dinâmica atividade exportadora: o café. 

A estabilização da economia, puxada principalmente pela produção leiteira e depois pelo cultivo do café, foi o primeiro passo para a industrialização do Estado em meados do século passado. Muitas empresas surgiram ou começaram a injetar capital privado na região, o que também impulsionou a criação de grupos fortes nos setores alimentício, têxtil e siderúrgico.

O crescimento da indústria e do comércio exigiu a construção de novas vias de acesso e obras de melhoria nas estradas que outrora atendiam ao ciclo do ouro. Por isso ficaram conhecidas como “Rota do Ouro” ou “Estrada Real”. Hoje revitalizada, os pontos turísticos da Estrada Real – em terras mineiras e fluminenses – são visitados por turistas do mundo inteiro. 

Atualmente estou revisitando algumas regiões e cidades mineiras, principalmente aquelas que acolheram a filosofia da integração empresa-escola e onde estão em operação as unidades operacionais do CIEE/MG. 

Assim, percebo que o turismo ocupa relevância significativa, seja do ponto de vista econômico, histórico ou cultural, tanto em BH, quanto nas cidades interioranas. Cidades históricas como Diamantina, Sabará, Ouro Preto, São João Del Rei, Tiradentes e Congonhas fazem parte do roteiro turístico mineiro. 

Outros municípios também se destacam, tais como Araxá, Caxambu, Cambuquira, Camanducaia e São Lourenço, devido à presença das águas termais, com reconhecido valor medicinal. Lagoa Santa e Cordisburgo, na RMBH, pela importância de seus sítios arqueológicos, com destaque para as grutas da Lapinha e do Maquiné. 

Cordisburgo ocupa um lugar especial em meu coração, pois naquela cidade fui acolhido pela minha esposa, seus familiares e amigos. É a terra de um dos maiores escritores brasileiros: João Guimarães Rosa. 

A casa onde o escritor viveu durante a sua infância foi transformada no “Museu Casa Guimarães Rosa”, com um grande acervo de documentos, fotos e textos. Destaque ainda para a “Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa”, na qual presido o Conselho Superior. 

Fui prontamente cativado pelas belezas de Minas Gerais, mas levei muito tempo para conhecer e admirar sua pluralidade cultural, social, política, econômica e gastronômica. É um Estado que tem muito a oferecer, mas exige-se do admirador a sensibilidade para perceber as diferenças de cada lugar.

Quem se entregar a essa aventura, deve respeitar e preservar cada uma de suas descobertas, pois será certamente recompensado com o indescritível prazer de vivenciar as paisagens, a culinária e a história de cada pedacinho deste chão que contagia o mineiro e quem adotou ou visita o Estado. “Pelas Minas Gerais lutamos e morremos, pois é a terra que amamos e que nos enche de orgulho, uai!” 

(*) Superintendente-Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG)

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