Minas presente

27/03/2016 às 16:56.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:40

Aristóteles Drummond (*)

A mais frequente e preocupada indagação, quando se aventa a solução da crise política pelo TSE – considerando a quantidade de provas que conectam a campanha a chapa Dilma-Temer com os desvios na Petrobras –, é a de quem poderia assumir o comando do país. Ainda mais em momento tão difícil, com a crise política pressionada por um verdadeiro derretimento das atividades econômicas.
Minas Gerais tem tradição em administrar crises com competência graças a seus bons quadros políticos. Assim foi desde o Império, com o Marquês do Paraná promovendo o primeiro governo de união nacional em momento de grave divisão política.
Na República, teve a presença competente de Afonso Pena, Delfim Moreira e Artur Bernardes; a Revolução de 30 teve Antônio Carlos de Andrada como seu mentor e aglutinador político. Com a queda de Vargas em 45, emerge a figura de Ferreira Vianna; depois a eleição de Vargas, em 50; e a eleição de JK, em 55. 
Foi Minas também que acomodou a crise da renúncia de Jânio, com Tancredo Neves. Quando a gravidade da instabilidade política e desordem econômica se acentuou, em 64, foi Minas unida – nas figuras de Magalhães Pinto, governador, e General Olímpio Mourão, comandante militar da área – que partiu primeiro para a deposição de Goulart. Mas foi em 85 que a abertura política permitiu a eleição de um nome da oposição, mais uma vez Tancredo Neves. 
Mais tarde, com o impedimento do presidente Collor, encontrou em Itamar Franco o conciliador que uniu o país e lançou o vitorioso programa de estabilidade e abertura na economia.
A gravidade do momento faz crer que uma eleição direta agravaria a economia e seus reflexos sociais. Por isso, o Congresso, em face da vacância, poderia adotar a solução de um mandato tampão para pacificar e recuperar o país abalado, dividido e debilitado.
Nada mais natural do que se pensar nos quadros mineiros, de conceito nas forças vivas da nacionalidade. E surgem nomes amadurecidos na carreira e no reconhecimento de excepcionais qualidades; homens avançados na idade, fortes e lúcidos, sem ambição maior que não a de servir ao país.
Na área política, um nome natural pela vida, pelo legado histórico de seus maiores que soube honrar, é a o do deputado Bonifácio Andrada, decano da bancada mineira e um dos três mais antigos membros do Congresso Nacional. Este educador de sucesso, jurista respeitado, de reputação ilibada, teria a confiança da Nação. Tem tudo para cumprir bem a missão que o momento exige. Andrada é o remanescente de uma geração que deu a Minas notáveis como Murilo Badaró, Aureliano Chaves, Aécio Cunha, José Aparecido de Oliveira e outros tantos.
No mundo jurídico, o nome maior é sem dúvida o de Carlos Veloso, uma palavra sempre ouvida, respeitada e com lastro em uma carreira alicerçada no saber jurídico, mas também numa personalidade de caráter, bom senso e equilíbrio. Este ministro do Supremo aposentado poderia promover as reformas pragmáticas que tornariam o Judiciário mais ágil, mais justo. E mais barato!
Enfim, os mineiros poderiam, neste caso, se unir em torno destes nomes, que por todos os motivos pensariam nas próximas gerações e na recuperação nacional e não nas próximas eleições. A crise pode fazer de mineiros, como estes dois citados, a resposta à angustiante preocupação dos brasileiros mais responsáveis. Quem assumiria?

(*) Jornalista e administrador

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