Não se briga com a verdade

16/08/2021 às 15:46.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:41

Aristóteles Drummond*

Nesse quadro lamentável de radicalismo, negacionismo, intolerância, é preciso que a maioria silenciosa, ordeira e sem ódios no coração defina o que acredita com honestidade intelectual, isenção ideológica ou política, a saber:

1 – Quanto à CPI, o bom senso diz que não resta dúvida que o presidente foi negligente em relação às vacinas. Boa parte de seu negacionismo tem provas robustas em depoimentos e em vídeos de suas declarações. Baixíssimo risco de engano. Sem intenção de errar, apenas consequência de sua insegurança.

2 – A CPI se perde pelo obsessivo objetivo de incriminar apenas o presidente, relutando em apurar os casos gritantes de corrupção nos Estados e municípios, que precisam e deviam ser apurados. E falar em corrupção com aqueles inquisidores seria cômico se não fosse trágico. 

3 – No combate à pandemia, fundamental para a retomada da economia, vacinar seria a palavra de ordem, com um esforço maior do governo na obtenção imediata de vacinas. A demora custa vidas. Nem se fala mais na tentativa de abrir, com liberdade, para o setor privado, como ocorre, com sucesso, em alguns países asiáticos. O Rio mesmo sofreu semana passada sem vacinas.

4 – Falta uma palavra sólida de que, sem reformas para valer, a economia, quando muito, vai recuperar o que perdeu, sem acrescentar produtividade, qualidade e tecnologia que a competição internacional pede. Reformar não é emendar. E a volta do emprego será parcimoniosa. Cabe ao Congresso votar, independente de eventuais declarações infelizes do presidente.

5 – O desgaste dos três Poderes fica cada vez mais evidente por se dedicarem mais à politicagem e a idiossincrasias do que a objetivos voltados para o interesse público.

6 – É inegável que o governo possui ilhas de competência nos ministros Tarcísio Freitas e Teresa Cristina e de desempenho mediano em Marcelo Queiroga e Paulo Guedes, embora o último desgastado pelo esvaziamento de sua equipe, descrente do cumprimento do estabelecido quanto às privatizações e à diminuição do Estado.

7 – A repulsa da sociedade em relação ao Judiciário se justifica por um elenco de erros de difícil entendimento. Desde o recuo na questão da segunda instância, visivelmente para atender ao ex-presidente Lula, a liberações como a do poderoso traficante que fugiu no dia seguinte, além da intervenção em outros Poderes da República, em que é exemplo o infeliz deputado preso, quando deveria ser julgado pela Câmara pelo seu lamentável comportamento.

Fora os salários e as instalações em todo país, incompatíveis com os recursos públicos disponíveis. O TJRJ, por exemplo, se parece com os mais luxuosos complexos de prédios de Miami. E o de Brasília, mais ainda. A impunidade aos prevaricadores com bons advogados voltou. Bolsonaro não devia é ter tirado Moro de onde estava, e Moro nunca deveria ter se deixado levar pela vaidade ou ambição e renunciar a uma bela carreira.

São constatações. Fatos, e não “fake”. 

O passionalíssimo neste embate fere a vontade do povo, que, na verdade, não está satisfeito com o presidente nem com seus opositores.

Jornalista*

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