No pêndulo do extremismo

05/10/2018 às 21:25.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:49

Rafael Porto*

A história da humanidade já nos mostrou, em eloquentes passagens, que um extremo tende a gerar como efeito o extremo oposto. Como um pêndulo que, buscando o equilíbrio, toca as extremidades até centrar-se numa posição de maior estabilidade.

Recordo-me de que na infância ouvia dos mais experientes que futebol, religião e política “não se discutem!” Nascido na década de 1980, compreendia bem os motivos que ensejaram tal advertência quanto aos dois primeiros temas. Apesar de sempre ter buscado me colocar numa posição de conciliação, de fato, futebol e religião tendiam a gerar certo desconforto quando entravam em debate.

Mas e quanto à política? Admito que não entendia tal orientação, visto que minha geração, talvez pelas conquistas democráticas herdadas da anterior, mal se envolvia ou se interessava pelos encaminhamentos políticos do Brasil e do mundo. Aquelas velhas ideologias, que tanto disputaram o poder na Guerra Fria, estavam adormecidas em nosso país. Havia, de maneira geral, até certa indiferença ou repulsa ao tema.

Nos últimos anos, no entanto, comecei a entender aquela orientação dos mais velhos... As correntes mentais de esquerda e direita, até então adormecidas, despertaram de seu sono profundo e fizeram suas vítimas na geração do presente. Hoje, se defende, com unhas, dentes e ameaças, pensamentos alheios, cuja origem muitos desconhecemos. Nas redes sociais encontramos claros e fartos exemplos dessa intolerância.

Essa polaridade política gera um perigoso jogo do “nós contra eles”, quando deveríamos todos usar a reflexão e, principalmente, a serenidade para frear as forças antagônicas e extremistas. A conciliação ainda parece estar longe de nossa realidade e será essencial à alma humana toda a sensatez que consiga angariar para que seja alcançado o equilíbrio. 

O homem reflexivo rara vez se deixa levar por sua impulsividade. Assim, resta-nos começar a aprender a nos imunizar contra o veneno das massas, resguardando a nossa liberdade de pensar, nossa individualidade e nossos mais puros anelos de encontrar o caminho do bem.

Para isso, se faz necessário conhecer a si mesmo! E conhecer a si mesmo é mergulhar no próprio mundo e identificar os pensamentos que se abriga na mente. É esforçar-se continuamente para selecionar os que realmente convêm a um futuro mais promissor e mais feliz. Esse exercício levará o homem a frear os impulsos que tendem aos extremismos, tal como aqueles que levam o pêndulo de um lado ao outro. Neste caso, a sensatez ajudará a encontrar o equilíbrio.

*Atuário, mestre em finanças e docente da Fundação Logosófica
 

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