Nosso absurdo desperdício de alimentos

24/10/2017 às 15:41.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:22

Zé Silva*

Para todas as pessoas com um mínimo de consciência social e solidariedade humana, os absurdos índices de desperdícios de alimentos são um motivo de tristeza, e até mesmo de um certo sentimento de revolta com a situação. Para se ter uma ideia do quadro, no Brasil, diariamente, 40 toneladas de alimentos vão para o lixo, segundo a ONG Banco de Alimentos, que atua no combate à fome e ao desperdício de alimentos. 

Entretanto, em que pese termos comemorado recentemente, no último  dia  16, o Dia Mundial da Alimentação, uma iniciativa da FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, praticamente não se viu nenhuma manifestação mais contundente e propositiva, seja de governos ou de entidades que atuam no setor de produção de alimentos, no sentido de superação desse cenário.

Em relatório feito em 2013, a FAO informava que o custo de alimentos jogados fora significava uma perda de 750 bilhões de dólares por ano, equivalente ao custo de um terço de toda a comida produzida no mundo. E, mundialmente, 54% desse desperdício acontecem na fase inicial da produção, na manipulação pós-colheita e na armazenagem; 46% são desperdiçados nas etapas de processamento, distribuição e consumo. 

Aqui, as áreas de desperdícios apontam que 10% das perdas acontecem na colheita; 30% nos processos de transporte e armazenamento; 50% das perdas estão no comercio e varejo; e outros 10% de desperdícios acontecem dentro das casas, no momento do consumo final. 

Mas não apenas no Brasil ocorrem esses desperdícios de alimentos. Na Europa, anualmente são desperdiçadas 222 mil toneladas, quantidade equivalente a toda a produção de alimentos na região da África Subsaariana. Enquanto isso, ainda nos dias de hoje, segundo  a FAO, 870 milhões de pessoas passam fome. São números estarrecedores, que esperamos possam despertar governos e sociedade para o enfrentamento conjunto dessa verdadeira tragédia.

Claro que não estamos a cobrar soluções mágicas para essa gravíssima situação, cobrando soluções que cheguem de uma hora para outra. Mas é evidente que “escondendo” o problema não vamos chegar a nenhuma solução. Assim, é fundamental que a questão do desperdício de alimentos tenha prioridade máxima nas agendas de governos, instituições, universidades, organizações sociais e quem mais tenha relação direta com a produção de alimentos. Não dá para conviver ou tolerar passivamente uma situação como essa.

(*) Agrônomo, extensionista rural, deputado federal pelo Solidariedade/MG

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