Nova Política

18/07/2016 às 20:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:21

Márcio C. Coimbra*

Nosso presidencialismo de coalizão guarda contradições que geram crises em nosso sistema político. A falta de sintonia entre governo e parlamento tem sido uma das tônicas das tensões desde nossa redemo-cratização. O diálogo entre os dois poderes é fundamental para que uma agenda de longo prazo seja desenvolvida. Do contrário, o confronto entre ambos gera imobilismo, crises e processos de afastamento, em ambos lados do xadrez político.

Isto é ocasionado pelo anacronismo de duas eleições sem diálogo direto. A eleição presidencial corre em uma raia, enquanto as eleições parlamentares em outra. Por certo há uma influência entre ambas, mas a falta de uma correspondência direta ocasiona resultados ambíguos, que geram um ambiente político disfuncional.

Nas últimas eleições, a maioria do voto fez a opção por um caminho mais à direita nas eleições parlamentares, mas ao mesmo tempo escolheu para o Planalto um nome à esquerda. A crise estava desenhada antes mesmo do governo começar. Se somarmos o fato de que a eleita carecia de diálogo e estratégia política, a combustão era apenas uma questão de tempo, como realmente ocorreu.

Ao mesmo tempo, uma opção por um caminho à direita fez surgir uma maioria conservadora no parlamento, que agora articulada, recebeu a denominação de “centrão”. Respondendo pela base que catapultou o processo de impeachment, assumiu o comando da coordenação política de Michel Temer na Câmara dos Deputados. Esta maioria, até pouco tempo silenciosa, tem conseguido fazer a leitura acertada da política brasileira e vem ganhando adeptos nas urnas. Deve ser a grande força nas eleições deste ano e prepara sua grande jogada em 2018.

Esses políticos foram aqueles que conseguiram enxergar a insatisfação do eleitorado expresso nas manifestações de três anos atrás. Os eleitores buscavam identidade, mudanças, outsiders. Direcionavam seu voto em temas de relevância para si.

As eleições municipais deste ano serão um grande teste. Os grupos que apostarem em grandes cardeais devem cair. Quem apostar em legendas tradicionais e nomes clássicos, deve sucumbir à força da renovação, dos partidos pequenos e médios e dos outsiders.

O eleitorado mandou seu recado. Deseja renovação, novos nomes e uma nova forma de fazer política. Sem uma leitura apurada do cenário, muitos cardeais podem cair. O Brasil vive o momento de maior renovação política da história recente.

(*) Estrategista Político no Senado Federal. Coordenador do MBA em Relações Institucionais do Ibmec
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por