Adriano Basques*
Um estudo internacional divulgado em abril reascendeu o debate sobre a necessidade do jejum para a realização de exames de perfil lipídico (colesterol total, suas frações e triglicerídeos). Tais exames são convencionalmente feitos pelos laboratórios após 12 horas de jejum do paciente. No entanto, de acordo com a Federação Europeia de Química Clínica e Medicina Laboratorial e a Sociedade Europeia de Aterosclerose, existem vantagens de se utilizar amostras em desjejum em diversos casos.
O assunto ainda é bastante discutido na classe médica. Uns defendem que os indivíduos passam a maior parte do tempo no estado pós-alimentado e o risco cardiovascular nesse estado pode não ser identificado nos exames em jejum. Outra vertente, porém, é radical quanto à obrigatoriedade da dieta.
Vários protocolos que orientam a coleta de sangue em jejum se baseiam na avaliação do LDL colesterol (colesterol ruim), mas as informações atuais apontam para a avaliação de outros marcadores aterogênicos (formadores de placas nas paredes das artérias), como a fração do colesterol não-HDL e Apolipoproteína B (ApoB).
A decisão sobre o tipo de exame a ser realizado, portanto, deve ser uma conduta do médico, dependendo do protocolo clínico utilizado. Os protocolos científicos servem para ajudar na padronização dos procedimentos e fornecem parâmetros para a sua interpretação.
Alguns laboratórios brasileiros já estão se adaptando a esses novos parâmetros para receber pacientes de acordo com a recomendação médica. Em Belo Horizonte, o laboratório Geraldo Lustosa começou, neste mês, a realizar a coleta em pacientes com desjejum, desde que seja especificado no pedido de exame.
A não obrigatoriedade do jejum traz maior conforto para os pacientes, que podem fazer pequenas refeições antes da coleta. Além disso, melhora o atendimento nos laboratórios, que até então ficavam sobrecarregados no início da manhã. De qualquer forma, é importante procurar saber com o seu médico quais são as instruções para a realização do exame.
(*) Farmacêutico bioquímico, gerente técnico do Laboratório Geraldo Lustosa