Novidades em prevenção ao câncer

22/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:59

Alexandre Fonseca*

Uma das melhores formas de se combater o câncer é prevenindo-o. E quando falamos em prevenção, englobamos dois tipos: a primária e a secundária. A prevenção primária refere-se a ações específicas de um indivíduo com o intuito de reduzir o risco de aparecimento de certo tipo de câncer. A prevenção secundária refere-se a ações direcionadas ao diagnóstico precoce, aumentando as chances de cura. Vamos tratar aqui da prevenção primária do câncer.

A principal ideia por trás da prevenção do câncer é modificar fatores ambientais e hábitos de vida que promovam o aparecimento da doença. Um estudo apontou nove fatores de risco potencialmente modificáveis que foram identificados como causa de 35% de todas as mortes por câncer nos Estados Unidos: cigarro, álcool, excesso de peso, dieta pobre em frutas e vegetais, sedentarismo, sexo não protegido, poluição atmosférica, combustíveis sólidos e contaminações por vírus.

Um outro estudo mostrou que indivíduos que tinham quatro hábitos de vida favoráveis (nunca haviam fumado, praticavam atividade física por mais de 3,5 horas por semana, dieta satisfatória e índice de massa corporal menor que 30) tinham aproximadamente 1/3 do risco de desenvolver câncer quando comparados com quem não apresentava nenhum desses hábitos.

O tabagismo é, sem dúvida, um dos maiores vilões da história. O hábito de fumar é o fator de risco mais forte para o desenvolvimento do câncer de pulmão, tumor maligno com o maior índice de mortalidade em homens e mulheres. Além disso, está relacionado ao aumento do risco de câncer de cavidade oral, cavidade nasal, seios da face, laringe, nasofaringe, esôfago, pâncreas, estômago, colo uterino, rim, intestino grosso e bexiga, além de provavelmente aumentar a incidência de câncer de próstata em afro-americanos.

A cessação do tabagismo, além de reduzir a incidência destes tumores, melhora os resultados e diminui as complicações de pacientes já diagnosticados com câncer e em tratamento. Estratégias de reposição de nicotina e medicamentosas, além de medidas comportamentais, podem ser úteis para o alcance deste objetivo.

A exposição à radiação solar está relacionada ao aumento do risco de desenvolvimento dos cânceres de pele (carcinoma basocelular, escamocelular e melanoma). Apesar da maioria dos tumores malignos de pele serem curáveis, o melanoma, por exemplo, se não diagnosticado em fases iniciais, traz consigo um risco significativo de complicações e morte. Como forma de prevenção, os indivíduos em geral devem limitar o tempo de exposição ao sol, particularmente entre 10 da manhã e 3 da tarde, além de ser recomendado o uso de chapéu e outras roupas com intuito protetor.

A atividade física parece ser um fator protetivo contra o câncer, de forma até mesmo independente do índice de massa corporal do indivíduo. Estudos recentes apontaram para uma redução significativa da incidência de câncer de mama e cólon, ente outros, além de diversos outros benefícios, como redução de doenças cardiovasculares. A obesidade também vem sendo relacionada a uma maior incidência de vários tipos de câncer, como esôfago, tireóide, intestino grosso e rim, entre outros.

O uso do álcool, até mesmo em moderadas quantidades, foi relacionado a um aumento no risco de câncer de cólon, mama, esôfago e câncer orofaríngeo. Além disso, o seu uso em pacientes tabagistas pode multiplicar o efeito carcinógeno do tabaco.

No que se refere aos hábitos alimentares, o alto consumo de carnes vermelhas e de gorduras saturadas estão associados a um aumento da incidência de câncer de intestino grosso e mama, respectivamente. Deve-se dar prioridade a uma dieta que inclua vegetais, frutas e alimentos com menor teor glicêmico.

A quimioprevenção também surge como estratégia em algumas situações, particularmente para indivíduos com alto risco para desenvolvimento de câncer. O uso da aspirina, por exemplo, oferece proteção contra o aparecimento de pólipos (lesões pré-malignas) e câncer de intestino, e o risco-benefício de sua utilização (considerando-se possíveis efeitos adversos como sangramento) deve ser discutido individualmente.

(*) Oncologista Clínico da ONCOMED-BH

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por