Aroldo Rodrigues*
Desde o início do ano temos acompanhado o impasse envolvendo o governo e sua indicação para ao Ministério do Trabalho. Tudo começou após o pedido de demissão de Ronaldo Nogueira. O substituto escolhido pelo Planalto foi o deputado federal Pedro Fernandes (PTB-MA. E foi aí que começaram os problemas. O ex-presidente José Sarney barrou a indicação. Pedro é seu opositor no Maranhão, onde Sarney ainda mantém seu feudo político . A indicação poderia fortalecer o governador Flávio Dino (PCdoB).
Para não ir contra Sarney e ainda manter a Pasta sob domínio do PTB, o presidente Temer pediu nova indicação do partido. Roberto Jefferson, mensaleiro e presidente do partido, indicou sua filha Cristiane Brasil. Resumindo, tivemos uma indicação partidária, sem análise de competência do postulante ao cargo, que fora barrada por um cacique político seguida de nova indicação de pessoa igualmente sem perfil. Até então, tudo normal, dentro da ética que rege a política brasileira.
A questão é que a deputada, além de não agregar conhecimento técnico à Pasta, ainda traz consigo processos trabalhistas ferindo o princípio da moralidade administrativa acarretando a suspensão da sua posse por decisão judicial. Como já disse, a falta de qualificação de uma indicada ao Ministério não é novidade, infelizmente isto ocorre costumeiramente. O que está me impressionando é o ímpeto da reação do governo. Penso, que os interesses para a nomeação de Cristiane Brasil vão além do loteamento partidário dos ministérios.
O governo quer demonstrar força junto ao Judiciário e ao Congresso. Para isso, se utiliza da bancada de aliados para defender a postulante a ministra, e tentam imputar no Judiciário uma interferência desarmoniosa entre os poderes. Mas parece que esqueceram de avisar Cristiane da importância do cargo que ela está brigando para tomar posse. A deputada divulgou vídeo na última segunda feira onde aparece em um barco, ladeada por colegas em trajes de banho defendendo sua legitimidade para assumir o cargo.
A cena deplorável demonstra o profundo descaso e desrespeito com as instituições brasileiras. Não sei quais são as referências de estado para a deputada, nem quais os reais objetivos do governo em insistir tanto em sua indicação. O que sei é que não quero Cristiane Brasil como Ministra do Trabalho porque vivo em outro país, não no Brasil da Cristiane.
*Economista