O Brasil pode evitar outro 7 a 1 durante as Olimpíadas

12/07/2016 às 20:24.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:16

Antônio Alceu dos Santos*

Esquemas de segurança rígidos e cuidadosamente elaborados para garantir que nada dê errado durante os Jogos Olímpicos têm sido propostos pelos diversos setores no Brasil. A expectativa é que 85 mil agentes atuem contra o terrorismo e garantam a tranquilidade dos atletas e dos cerca de 600 mil turistas que estarão no Rio de Janeiro para o evento. Mas, para evitar outro 7x1 nessas Olimpíadas, é preciso prever também como atuar, caso, ainda assim, algo saia diferente do planejado.

Um aspecto a ser considerado é o nível de hemocomponentes em estoque nos bancos de sangue brasileiros. Caso várias pessoas necessitem de transfusão, não haverá sangue suficiente. Por isso, é importante disseminar técnicas eficazes para tratar pacientes sem precisar do tratamento padrão com transfusões. Médicos do Brasil, EUA e Europa têm se preocupado com essa situação e estão pesquisando e publicando alternativas que contribuam para barrar as baixas nos hemocentros e se provam mais benéficas à saúde do organismo.

Um artigo publicado recentemente na revista Circulation (American Heart Association) mostra que pacientes que receberam transfusões de sangue demoravam mais tempo a ter alta dos hospitais; tiveram índices mais altos de mortalidade e estavam mais suscetíveis a infecções e doenças pós-operatórias isquêmicas, o que também ocorre no Brasil.
Dentre as alternativas, estão alguns equipamentos que reaproveitam o sangue do próprio paciente para uma autotransfusão. A máquina recupera, filtra e devol<CS9.5><CW-23>ve sangue que tem o DNA do próprio paciente, evitando reações imunológicas e inflamatórias.

Existem ainda, soluções mais simples para evitar o desperdício de sangue do próprio paciente. Uma delas é evitar coletas excessivas de sangue. Esse hábito poderá resultar em anemia, que, posteriormente, demandará reposição do sangue perdido através de uma transfusão. Tubos pediátricos (menores) podem ser utilizados para as coletas durante os exames laboratoriais. Tudo isso, no sentido de evitar perda desnecessária do material.

Há, ainda, reflexos nos custos das transfusões. O Hospital Stanford, da Califórnia, ao reduzir em 24% o número de transfusões realizadas, conseguiu economizar, cerca de US$ 1,6 milhão por ano. Além disso, a média de período de internação caiu de 10,1 dias para 6,2; enquanto a taxa de mortalidade passou de 5,5% para 3,3%.

Portanto, é importante tornar conhecidas as principais opções de tratamentos alternativos às transfusões, para economizar hemocomponentes, que já se encontram escassos nos bancos de sangue e para nos prepararmos para situações que fujam ao nosso controle.

(*) Cardiologista e autor do projeto Bloodless

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